quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Feliz e verdadeiro Natal

Fui a um shopping estes dias e observei a decoração: nenhum sinal ou referência do que seja o Natal. Se bem que não deverá ser o comércio o norte moral da festa do nascimento de Jesus Cristo. O que eu quero dizer é que problema não está na figura do papai noel, mas no tanto de valor e sacrifício (financeiro e de disposição a andar quilômetros para comprar, comprar...) que as pessoas dedicam ao consumo, como se a festa fosse mais material do que espiritual e rito. Então, se o papai noel se sobressai cada vez mais sobre o presépio, talvez seja porque há um vazio espiritual combinada com uma apatia nas pessoas e não porque o comércio seja sozinho o lobo mau; talvez este lobo seja cada vez mais alimentado com a nossa voracidade em adquirir felicidade. Quer ver? Para que, me diz para que as lojas e mercados precisam ficar abertas até não sei que horas no dia 24 e abrir no dia 25? Se se abrir uma loja às 24h do dia 24, haverá sempre um retardatário comprando... eu lembro que, quando pequena na cidade interiorana, as lojas e mercados ficavam fechados no dia 24 à tarde e dia 25. E tudo era normal: todos trabalhavam, compravam e se dedicavam à família. Hoje é uma loucura, é estressante, custoso e a ceia acaba com gente infeliz em torno de uma mesa bonita, isso quando há ceia. Enfim... é bom pensar no quanto nos entregamos (e o que entregamos) para uma coisa e para outra, não somente no natal mas no dia a dia. E todo ano se fala nisso, não? É até chato e daí paro por aqui no assunto, preciso me arrumar para a Missa.

"Que o menino Jesus seja a estrela-guia que o orienta ao longo do deserto da vida presente!" (Padre Pio de Pietrelcina)

Desejo a todos que por acaso passarem por aqui, um feliz e verdadeiro Natal, o aniversário de Jesus Cristo! Que todos os joelhos se dobrem diante da manjedoura, todos os joelhos!

Amém!


Ótima figura do blog O Possível e o Extraordinário.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Prêmio Dardos



Fui surpreendida pelo Prêmio Dardos, dos blogs O possível e o Extraordinário e Meus Pensamentos, minhas reflexões. Obrigada =]

O que é o Prêmio Dardos?

“Com o Prêmio Dardos se reconhecem os valores que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras. Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web.”

Algumas regras a serem seguidas:

1 - exibir a imagem do selo
2 - linkar o blog do qual você recebeu a indicação
3 - escolher outros 15 blogs aos quais se deve entregar o prêmio


Minhas indicações e comentários brevíssimos:

A Espectadora: inteligente + bom humor

Arrastão, Janaína Leite: política + notícias

As Letras da Sopa, de Marie: “Trabalha Marie” + música + crítica

Blog do Adalberto Queiroz: culto + coisas que você provavelmente não vai aprender na escola + bom de ler

Contra impugnantes: cristianismo + verdade + profundidade

Deus lo vult!, de Jorge Ferraz: catolicismo + inteligência + crítica

Lumières, de Fernando Sampaio: crítica lúcida + boa de ler

Meus Pensamentos, minhas reflexões, de R. B. Canônico: atual + inteligente + didático

Norma Braga, a Flor de Obsessão: inteligente + cristianismo + clareza

Marcas Marinhas, de Marco Aurélio Antunes: literatura + sutilezas filosóficas

Miles Ecclesiae: soldados + católicos + inteligentes

O Possível e o Extraordinário, de Wagner Moura: o blog que não foge à luta cristã + atualidade católica

Pró-Tensão, de César Miranda: contos + estórias e histórias + tudo bom, bom, bom de ler

Reconquista, de Fernando Batista: Deus + Pátria + Tradição

Sedivagar, do Philipe: um engenheiro no universo das letras + despretensioso

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Sobre Santa Catarina e digressões afins

É natural e psicológico ou naturalmente psicológico, e de repente nem é psicólogo, só natural..., que a pessoa sinta mais compaixão do que está mais próximo; um certo Jesus Cristo já dizia isso como mandamento primeiro: “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. É por isso que não pode ser natural alguém que “sofra” pelos ranhentinhos da África quando não consegue conviver seu vizinho; puro sentimentalismo. Não consegue não, nem tenta. Que fosse então in loco ajudar os famintos da África. Ou as crianças lá do, sei lá, Iraque. Estes dias caí no terminal de ônibus, como disse minha irmã, desmaiei como uma madame. É verdade, fui perdendo as forças e percebi que ia cair, estendi a mão agarrando alguém; este alguém me deu a mão - ou me deu, ou porque agarrei. A MÃO. E só. Caí. Bom, no meio de muitos olhos curiosos, um olho na caída, outro no ônibus, veio uma vivente correndo me ajudar. Um detalhe é que tinha um baita crucifixo no peito. Foi comigo até o ponto em que eu desci - “vou te cuidar” ela disse.
Com a tragédia de Santa Catarina não é diferente. São vizinhos; são de “logo ali”. Dá uma vontade imensa de ajudar. E a vontade por si só não quer dizer nada; ter vontade não faz o homem ser muito diferente do macaco que eu vi lá na exposição Darwin, não. Meu Santo Pai, parece coisa de auto ajuda mezzo cristã, mas é tão óbvio ululante que até pouco tempo eu tinha vontade e ia pra cama ler. Ler é muito bom, é excelente e até, em alguns círculos, “chique”. Daí que soubemos de amigos que têm familiares em Itajaí. Perderam tudo. E precisam urgentemente do básico: água, comida, roupa, produtos de higiene. Diz que na tevê não mostra um terço do que eles estão passando. Há caminhões com ajuda chegando, não só da Defesa Civil, mas de familiares, amigos, que levam ajuda e se o caminhão parar e as pessoas desconfiarem que ali haja doações, o caminhão é invadido.
Eu lembrei do filme “Ensaio sobre a cegueira” do livro de mesmo nome de José Saramago, vi estes dias e li o livro há muito tempo; gostei muito deste livro, do filme também, apesar das bobagens que o autor já soltou (tem escritores que poderiam só escrever ficção, e olha lá, e não falar nunca nada em público) e da pontuação que ele costuma não usar (tem gente que em nome de uma “clareza” e “simplicidade”, complica a cabeça dos outros). Não que eu tenha condições de comparar uma situação ficcional com a realidade da tragédia catarinense, mas se pode ter uma idéia do caos. No entanto, o caos de Saramago é muito pior. Pior porque no mundo de Saramago há quase que só a maldade e um só restinho de esperança que é material; a maioria das pessoas é má, louca, desesperada. Não há esperança transcendente. Talvez o amor, a compaixão, esteja presente só na mulher do médico; na falta de Deus, tem uma deusa.
Do filme dá para pensar também sobre a função e a necessidade de Estado. Nas tragédias como as de Santa Catarina é que se faz necessária, obrigatória até, a presença do Estado como ente de organização que é, para ajuda material e logística. Claro que não só neste momentos de caos desespero, porque a função também é prevenir tragédias estruturando as cidades, as estradas, etc, etc. Então não sei se se pode dizer que a catástrofe tenha sido natural; foi natural a chuva caindo como namorado em fúria sobre os morros que choravam lamas, enchendo o chão (ó que romântico). Também não sei dizer se poderia prevenido tanto... O que quero dizer mesmo é a gente comum fica tocado de compaixão e muitas pessoas estão ajudando, há ainda bondade, há amor e compaixão em muitas pessoas. Há muita maldade, mas também há muito amor. Não que estas coisas se equilibrem e acho que nem devam ser equilibradas como um ying yang. Tá certo que há muita gente morna, os que falam da "fúria da natureza" se vingando do homem (eca!), e vão para casa cheios de “indignação”. E há os que aproveitam a tragédia para fazer proselitismo contra a Rede Globo que não estaria dando atenção devida ao caso de SC... Os desvalidos catarinenses? Pfff... Enquanto isso tem um monte de gente que não quer saber de vingança natureza, de birra contra a Globo, só está aguardando ansiosamente a compaixão dos outros, porque ainda há esperança, ainda há amor no próximo, e só existe esta fé no outro porque existe fé em Deus, muito diferente da “esperança” de Saramago. Tem muita gente precisando de um “eu vou te cuidar”.

PS: eu tinha outros comentários, do Reinaldo Azevedo em Curitiba, da exposição de Darwin, mas já falei demais... fica para outro.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Deus escreve certo em linhas tortas (post como um papo qualquer)

A gente ouve por aí, nos ônibus, nas ruas, nos corredores de condomínio, que Deus escreve certo por linhas tortas. Ouve e fala. Estes dias eu falei à minha manicure este adágio da massa, como quem tenta um "fecho de ouro" para minha história dos últimos dias. E ela me deu um sermão! Mas que Deus escreve certo por linhas tortas! Deus escreve certo por linhas certas! E me explica... Minha manicure, Cristã Batista, no seu modo simples é dessas que dá para conversar assuntos interessantes e mais profundos que a última capa de “Caras”. Parei para pensar: Deus realmente escreve certo e faz tudo com perfeição (considerando-se que Deus é perfeito e esta perfeição não é questionada). Logo as linhas tortas são a condição do próprio homem e esta tortuosidade é perfeitamente cabível dentro da perfeição Divina e do plano perfeito de Deus para nós. Então pensei que o ditado poderia ser “Deus escreve certo em linhas tortas”. Esta foi a minha réplica. Convergimos. A tréplica foi unhas perfeitamente feitas e pintadas.
Acerca das mudanças dos últimos dias, o que está me deixando afastada da net e das leituras que gosto (minha “diversão” tem sido estudar um imenso manual de contabilidade...) é a confirmação do que o populacho diz por aí, não que Vox populi, vox Dei, pelo menos não necessariamente. É que quando a gente reza o Pai Nosso (eu pelo menos, quando rezo), tende a engasgar em duas partes: na “seja feito a Vossa vontade” e “assim como nós perdoamos ”. Entrega e perdão, verdadeiros; não sei se há coisa mais difícil e aí está a razão da nossa felicidade... Bem, a gente entrega-mas-não-entrega e daí quando as coisas acontecem, os crentes dizem isso mesmo que Deus escreve certo.. etc, etc. Quando eu resolvi entregar para a graça de Deus uma certa intenção, eu pedia por outra pessoa. E daí que a graça vem pra mim! Logo eu que não pedi para que eu mudasse, que estava segura nas minhas escolhas! O pensamento, esta coisa belíssima e dificílima de controlar, me aparece na mente: Ó Pai, com todo respeito, Tu ta de sacanagem! Na verdade o homem tem um medo imenso do amor de Deus, justamente porque Ele nos surpreende. Sabe Deus o que Ele vai fazer de nós, tchê? E daí, depois de anos de catequese, com uns buracos de afastamento no meio, eu entendi um pouco o que quer dizer aquela primeira parte em que engasgo ou que dizia muitas vezes sem perceber o sentido. Que coisa... Claro que os anos de catequese não foram perdidos, mas chega um momento em que se começa a relacionar as coisas, simples ou mais profundas, e a perceber na vida real a presença deste imenso amor. E parece que a alma sai do raso. E eu acho que é isso que salva o homem da massa semovente e sobre a experiência de ser massa eu falo outro dia. Nestes momentos, só Deus me salva por dentro.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Ser ou não ser

O vivente viu o seqüestro de Santo André (tem gente que não desgrudou de tevê que fez um big brother do caso) e pergunta perplexo se Deus ainda existe (a pessoa sai batendo os braços assim dos lados e olha no vazio). Dawkins diria com absoluta fé que Deus é um delírio, Deus não existe nem na remota possibilidade do ”ainda”. É assim a cada tragédia, as particulares e especialmente as escancaradas na tevê, sempre surge esta pergunta. Não surge? Não surge lá no teu íntimo? (Se tu é cristão e tem esta dúvida, corre que é tentação). Tá, mas o vivente não perguntou para Dawkins (a história é minha), mas, sei lá, para... Santo Agostinho, ou para Chesterton, ou para um vivo, um Padre honesto da paróquia mais próxima da tua casa. Ele suspira e diz “sim, meu filho, Deus existe!”. E o vivente sai desnorteado. Se Deus não existe, é o caos, precisamos de alguém que ponha ordem na bagunça (e alguém, uma organização quem sabe, vai tomar as rédeas do mundo); se existe... é o caos também, porque Ele não vem aqui e governa? (O vivente quer que Ele resolva os problemas num passe de mágica, mas o homem, o super-homem, não O quer pelas bandas da sua alma). Ora bolas, o que está acontecendo então?!? É o vivente ainda perplexo batendo os braços no lado do corpo, agora ele pára na encruzilhada e fala sozinho: o que está acontecendo? o que está acontecendo? É gente matando por “amor”? Que amor? É criança (12, 15 anos!) “descobrindo” o “amor” tão cedo! É lá em casa que filhos não respeitam os pais (a mãe piedosa demais, já perdeu toda autoridade), que filhos fingem ser o que não são e acham que enganam os pais; são pais se fazendo de bobos para não perderem os filhos para o mundo, para não perdê-los de casa, daquele quarto ora trancado, ora bagunçado... ué, mas filho não era para ser criado para o mundo? Agora o mundo está cobrando, ele quer o filho, e quer a alma do viventinho. É engraçado isso: há uma hiper-insensibilidade de filhos tiranos que massacram pais com suas birras, indiferença, etc, alimentada por uma hiper-sensibilidade de pais que querem dar tudo, ser tudo, aos filhos. E entre si falta sensibilidade para perceber as coisas mais simples. O mundo também quis Jesus e o fez Cristo; aos olhos do vivente parece que houve uma insensibilidade de Deus Pai com seu Filho; parece que há uma insensibilidade de Deus Pai conosco. Mas o Pai ressuscitou a Jesus Cristo e aí, no mistério pascal, reside a esperança do cristão que chora Eloá e que agradece a Deus por Eloá. Sinto muito, mas creio que não seja algo compreensível a não-cristãos (ainda aqueles do tipo Dawkins da vida) o que já é difícil de ser assimilado e vivido pelos próprios cristãos. Querem acabar com o mistério e deixar tudo em pratos limpos, então quebram os pratos e os jogam fora: agora todos comem com as mãos na panela. Selvagens. Deus não fez o homem para ser selvagem como não faz a rosa para ser despetalada e sem espinhos; a rosa não tem escolha, mas sua vida não deixa de ser bela; enquanto o homem pode escolher entre ser selvagem e ser Filho de Deus; entre comer na panela a reles comida morna ou comer em um banquete, com anel e sandália aos pés. O vivente, filho ou pai, está nesta encruzilhada todos os dias.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Contra-revolução dos sutiãs conservadores

Suponho que as feministas que queimaram sutiã em praça pública não imaginaram onde ia parar, na modernidade, as conseqüências do gesto e do que defendiam. Não é uma crítica fundamentada ao feminismo, é mais um tipo de desabafo. Pensei num gesto reacionário aquele ato: vestir sutiãs em praça pública! No mínimo chamaria a atenção da sociedade, literalmente. Mas, pensando bem, soaria ridículo e não seria um gesto que mulheres conservadoras fariam, mesmo porque é comum e considerado normal que mulheres saiam pelas ruas mostrando mais que o sutiã.
Bem, se o mercado de trabalho era uma opção feminina e a maternidade algo natural e também naturalmente aceitável, hoje ocorre o contrário: é obrigatório - “tornou-se” “natural” (aspas necessárias) – que a mulher seja uma operária e que a maternidade seja uma opção. Vão dizer que é a necessidade, que a mulher saia trabalhar, que o homem não dá mais conta sozinho, etc, mas claro! Depois de tanto, já virou necessidade o que poderia ser uma faculdade! Atenção, estou obviamente generalizando, não estou tirando o mérito daquelas mulheres que precisaram se virar para sustentar os rebentos, ocorre que isto deveria ser uma exceção e não a regra moral.
E será que o homem não dá mais conta de dirigir e sustentar uma família? Ou será que não quer mais se esmerar tanto? O feminismo provocou isto também: homens bundões e tem mulher que tá criando filho (homem) com vocação para ser bundão, fracote. Mas, pelo que vejo por aí entre amigas e conhecidas, o que obviamente não é uma constatação estatística científica, é que o feminismo ta cansando a beleza das mulheres modernas: elas querem quem as sustentem para ficar lindas de pernas para o ar, ou melhor, de pernas na academia, no shopping, enquanto os filhos ficam na escola em tempo integral. Ta pensando o que minha filha, que tua vó, ou mesmo a mãe, ficavam em casa cuidando das unhas, que não tinham sérias responsabilidades que uma casa, família, filhos, requerem?
Tenho plena noção de que não adianta só reclamar: a reclamação, crítica vazia só produz gente feia e chata. É preciso uma contra-revolução dos sutiãs conservadores (é bom um pouco de humor também) e não precisa sair caçando feminista por aí não; é começar pela atitude da própria mulher em relação a outras, recuperando os valores no diálogo entre esposos (que começa lá na fase do namoro), nas rodas de amigas solteiras ou não, no grupo da Igreja, na educação dos filhos, etc, e se não der para ser de uma hora para outra, que seja aos poucos, mas que seja.
Sinceramente, eu olho para uma mulher de 40, 50 anos resultante do feminismo, e por mais que a admire sob alguns aspectos pessoais, não desejo ser como ela (atenção: isto não é julgar, é avaliar para escolher). Mulher, pense e seja diferente!, mesmo que pareça estranho que para ser diferente seja preciso olhar para duas, três gerações atrás!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

A empolgada

Até então sem candidato a vereador, confesso que fiquei empolgada com um candidato ao ouvir dele, em meio a outros assuntos, que os princípios/valores do homem é transformam o homem e este é que transforma a sociedade.

* * *

A revoltada

Não tomei a vacina da rubéola, nem vou tomar. Aliás, já tinha me decidido em não tomar (tivesse eu vivido nos tempos da revolta da vacina, seria eu um dos revoltosos). Tenho meus motivos e batem com este diálogo escrito pela Norma. Daí falei com meu médico, que indiretamente me chamou de revoltada e diretamente de desconfiada. Revoltada não, só não tão ordeira, só quero mais informações (no que ele concordou). Na dúvida, farei exames para ver se precisarei tomar, e se, SE for o caso... veremos, veremos. Na minha "ficha", a anotação: "não quer tomar vacina".

Guincho pra bebum ou Mercado é mercado

Cresce demanda pelo "Motorista Amigo"

A demanda pelo "Motorista Amigo", do Seguro Auto SulAmérica, cresceu sete vezes desde a implantação da lei seca. A procura cresceu a tal ponto que a seguradora está dobrando a freqüência com que o segurado pode acionar o serviço: de duas para quatro vezes durante a vigência do contrato. Criado em 2000, o "Motorista Amigo" auxilia o condutor de veículo que se sente impossibilitado de dirigir.


(Clipping Segnotícias)

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Brava gente brasileira...

Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil!

Não sei mais o que pensar do 7 de setembro... eu acho só que ficou enterrado em algum lugar no passado o amor à pátria (aquele amor sadio que saudava a honra). Quem quer morrer pelo Brasil? Aliás, quem quer viver pelo Brasil? Eu lembro que, quando criança, desfilava no 7 de setembro; já marchei e até já desfilei na comissão de frente – a cobiçada ala das dançarinas. Depois... bem, depois a gente cresce.
Enfim, Viva o Brasil (nem que seja atrasado!), apesar de tudo!

Hino da Independência que recebi por email.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Anencefalia e desumanização

Um bom artigo na Gazeta do Povo de hoje
No mais, estou meio sem tempo. Não costumo reclamar do tempo não, parece coisa de do atrasado que se desculpa dizendo que o ônibus quebrou, quando quebrou mesmo!, e a desculpa não pega, então, melhor nem usá-la. Acho que Deus anda me pregando peças e eu que não gosto muito de surpresas (exceção para presentes e uma ou outra coisa hehe), normalmente gosto das coisas mais ou previsíveis, estou sentindo a experiência (ok, um pouco, pois não é nada fácil aplacar a ansiedade) de viver aquela parte do Pai Nosso que a gente engasga quando reza: seja feita a Vossa vontade! Já que é assim, então tá. Sem mais delongas, eis um pedacinho do artigo.

Opinião - Gazeta do Povo
Anencefalia e desumanização

(...)

O problema mais grave, contudo, é o ético. Como o anencéfalo não possui todos os critérios de morte encefálica ele não está morto. Desta forma, as posições em relação a ele podem ser apresentadas de duas maneiras distintas:

Ele não é pessoa. Jamais terá consciência, devido à ausência dos hemisférios cerebrais. A impossibilidade de relações sociais define um posicionamento antropológico aqui de identidade completa entre o cérebro e a vida de relação. Esta corrente filosófica que atribui diferentes graus de dignidade aos seres humanos. E o anencéfalo estaria entre os últimos, sem nenhum tipo de direito, pois que não é pessoa. Nesta mesma linha, estariam também os pacientes em coma irreversível e os embriões.

Outros, com uma antropologia unitária e racionalmente fundamentada, defendem que se trata de uma vida humana em toda a sua dignidade, mesmo que gravemente enfermo e destinado à morte na fase neonatal. Um paciente terminal neonatal e que merece cuidados e conforto para que tenha uma morte tranqüila. Para esta linha não é possível pensar na vida humana dualisticamente. Ou seja, separar ser humano de pessoa.


Autor: Cícero de Andrade Urban é professor de Medicina da Universidade Positivo.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Adjetivos, Obviedades, etc

O óvio ululante: compreender que se OUVE e filtrar o que se DIZ é faculdade da sapiência e do espírito de pensar.
Para citar alguém mais famoso: "O homem prudente não diz tudo quanto pensa, mas pensa tudo quanto diz." Aristóteles
E ainda, a sabedoria popular: fala o que quer, ouve o que não quer.
O fato (resumidamente e sem entrar em detalhes): a pessoa foi extremamente grosseira com outra numa determinada situação, sem motivo aparente, porque: (1) ela (a grossa) não gostava da outra; e (2) porque ela (a grossa, segundo ela mesma) fala tudo o que pensa na lata.
Bem, ninguém é obrigado a gostar de outra pessoa, mas o fato de não gostar não justifica sair esbofeteando com palavras (ainda mais com atitudes) o desgostado quando este não dá motivo justo. Acredito que isto seja ponto pacífico.
O caso é "falar tudo o que pensa". Ora, é compreensível, considerando que o intestino caga tudo quanto é detrito, a pessoa que não processa (ou discerne) informações, dados e sentimentos, vai agir como um intestino mal regulado no sentido inverso, ou seja, uma caganeira de palavras, que resulta muitas vezes numa crítica vazia, a crítica pela crítica.
É por isso que a pessoa foi feita com cérebro, dotada de capacidade de pensar, a chamada inteligência. Tá. Mas só a inteligência não basta, porque até pessoas muito inteligentes, doutoras até, podem ser um intestino solto "enquanto gente"; é por isso que também é preciso a tal da sapiência. Para os Cristãos, a inteligência e sapiência são dois dos Dons do Espírito Santo, os chamados, respectivamente: Dom do Entendimento (ou da Inteligência) e Dom da Sabedoria (link para um texto explicativo).
Em Ortodoxia (que estou tentando ler pela segunda vez e provavelmente vou ler mais algumas vezes), Chesterton fala das virtudes tresloucadas (obs: é meio complicado recortar Chesterton, porque a idéia toda não se concentra apenas neste parágrafo):

“O mundo moderno não é mau. Sob alguns aspectos, o mundo moderno é bom demais. Está cheio de virtudes insensatas e desperdiçadas. Quando um sistema religioso é estilhaçado (como foi estilhaçado o cristianismo na Reforma), não são apenas os vícios que são liberados. Os vícios são, de fato, liberados, e eles circulam e causam dano. Mas as virtudes também são liberadas; e as virtudes circulam muito mais loucamente, e elas causam um dano mais terrível. O mundo moderno está cheio de velhas virtudes cristãs enlouquecidas. As virtudes enlouqueceram porque foram isoladas uma da outra e estão circulando sozinhas.” (Ed. Mundo Cristão, 2008.p.52)

A partir daí, concluo que a sinceridade, que é algo bom, dissociada do discernimento, deste processo de pensar e mesmo da caridade conforme a situação - a sinceridade pura e solta -, não quer dizer nada, não vai aproximar as pessoas ou melhorar os relacionamentos; e isso não quer dizer que a mentira seja necessária, não!
Por exemplo: não é raro ouvir mulheres que dizer que a qualidade que mais apreciam no outro é a sinceridade. Tá. A mulher casa (ou "junta", como é moderno) com um supersincero que diz que ela está gorda ou com o cabelo feio mesmo quando ela não pergunta (e o homem que entende um pouco sua mulher vai saber que isto não se diz nem quando ela pergunta!), até quando se agüentaria um homem assim? Lembrei que houve um sitcom com Luiz Fernando Guimarães com este título mesmo "Super Sincero", era bem ilustrativo.
Enfim, ao mesmo tempo em que há maior liberdade de pensamento (digamos assim, no sentido do pensamento totalmente desvinculado, vinculado tão somente a uma tal "consciência" do indivíduo), é como se as pessoas ficassem mais radicais; parece ser o caso da sinceridade: para que se cumpra a todo tempo minha invejável qualidade de ser sincero, eu te achato a alma com palavras. E a sinceridade que era uma boa qualidade, vira uma ruindade, e às vezes se diz que a pessoa é de uma personalidade forte quando é uma chata com dor de barriga mental e espiritual.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A Vida...

“A vida não é governada pela sorte, nem é casual. A vossa existência pessoal foi querida por Deus, abençoada por Ele, tendo-lhe dado uma finalidade (cf. Gen 1, 28). A vida não é uma mera sucessão de fatos e experiências, por mais úteis que muitos deles se possam revelar. Mas é uma busca da verdade, do bem e da beleza. É precisamente para tal fim que fazemos as nossas opções, exercemos a nossa liberdade e nisso mesmo, isto é, na verdade, no bem e na beleza, encontramos felicidade e alegria.”

Papa Bento XVI no discurso da Jornada Mundial da Juventude/2008 - Sidney/Austrália 17/07/2008
www.visitadopapa.org.br

P.S.: estou buscando inspiração e organizando o tempo, e vice versa.

sábado, 2 de agosto de 2008

O pobre e a geração de filhos

Acho estranha a mentalidade que defende o controle do número de filhos para os pobres, porque, segundo tal mentalidade, o pobre exigiria que o estado custeasse seus gastos e pagasse uma bolsa-filho. Em tese, o raciocínio é coerente: os pobres precisam mais da assistência do estado: quanto mais filhos, mais esta necessidade cresce, logo, a pessoa que paga imposto e que não é pobre, acha justo que os pobres tenham menos filhos (inclusive um com controle rigoroso através de política pública) e absurdo o contrário, como se o sujeito desta mentalidade tivesse uma autoridade maior, conferida pelo status monetário, para julgar a questão, como se não houvesse a possibilidade de no futuro ela mesma vir a ser um pobre e deste construir um império financeiro. Interessante que a recíproca (do critério) não é válida, já que os mais afortunados geralmente não querem ter mais que dois filhos (um já está mais do que bom).
Coerência não é tudo, não quer dizer que um raciocínio não seja torto e este raciocínio é torto para o lado impiedoso com a pessoa pobre. Contudo, não estou defendendo aqui a pobreza e permanência da pessoa nesta condição e a geração e criação irresponsável dos filhos. Quero ressaltar que o raciocínio torto está justamente na condição financeira como critério primeiro para emancipação da liberdade da pessoa e também da sua privacidade, ou seja, a intromissão de terceiros na sua vida pessoal e familiar, através de controles sociais e legais, etc, (algo que o não-pobre não deseja para si). Lógico que o dinheiro ajuda na conquista das escolhas, porém antes do dinheiro há o indivíduo.
O problema, entendo eu, não está na quantidade de filhos que o pobre faz, mas no tipo de assistência viciante dada pelo Estado. É claro que o pobre (e também a classe média, oras) precisa mais do SUS, porque ele não pode pagar um plano de saúde, precisa de escolas públicas porque não pode pagar uma particular; o Estado está aí justamente para suprir este tipo de necessidade da população que mais precisa, até dando algum tipo de subsistência aos miseráveis sim, além dos serviços comuns a todo mundo, como segurança. A assistência que vicia, a bolsa qualquer coisa que não pede contrapartida e assim não emancipa o pobre da necessidade do Estado, cria uma necessidade permanente e isto é que é ruim e, combinada a outros fatores, como falta de educação (desde o berço), etc, e sobretudo a vontade e responsabilidade individuais (o “pobre honesto”), cria este tipo de situação que dá margem a mentalidade impiedosa do não-pobre.
Bons e sensatos são aqueles que trocam o carro todo ano (não que isso seja ruim!) e acham que por isso podem julgar e definir critérios para algo tão importante na vida da pessoa e também para a continuidade da espécie humana, que é o filho. Engraçado é que nem “liberais” (no sentido econômico) escapam desta mentalidade: são anti-socialistas/marxistas ferrenhos e ao mesmo tempo colocam a economia como base para formação do indivíduo e da sua liberdade.
Enfim, quero ressaltar que não saio na defesa ideológica de um levante dos pobres contra os não pobres, a famosa luta de classes, apenas defendo (1) a liberdade e privacidade da pessoa independente da sua condição financeira; (2) responsabilidade individual para geração e criação de filhos (que começa com a responsabilidade na vida sexual); e (3) a piedade para com o outro.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Onde há fumaça...

O vivente que se achava livre-leve-solto depois do advento do iluminismo, da paulicéia desvairada, do woodstock, enfim, depois que o mundo moderno surgiu no horizonte para clarear a era das trevas - onde a consciência, subconsciência e adjacências eram reprimidas pelos valores morais sobretudo religiosos; depois que os "valores" passaram a depender das circustâncias e parâmetro passa a ser o próprio umbigo... então, o vivente achava que tinha nascido na geração certa, a geração do carpe diem e viveria tudo, feliz da vida, sem lenço, sem documento, sem padrões e sem padres. Nananinanão. Se o norte moral-ético metafísico é um convite, ou seja, é vonluntário, e gera uma transformação individual em que o ser é feliz apesar dos sofrimentos, o novo moralismo material estatal e/ou para-estatal é obrigatório e só pode gerar infelicidade no ser altamente regulado, mesmo que a situação econômica seja boa, mesmo com tantas coisas boas a serem aproveitadas na vida.
É só um breve comentário sobre o que pensei quando li a notícia (abaixo) da Gazeta do Povo sobre a política antitabagista governamental, e não quer dizer que a existência de um estado não seja bom e útil e muito menos que uma "igreja" substitui as funções de governo. O ótimo seria que cada um fosse bom naquilo que deve fazer. E o mercado? O mercado sempre dá um jeito de se ajustar às circustâncias.
Comentário mais brevíssimo: nestas horas eu gostaria de ser fumante, não fumo por outros motivos, mas não sou antitabagista, e vamos combinar que há momentos em que o espaço físico é dividio com outros, o cheiro do cigarro é melhor que qualquer outro.

Após lei seca, cerco se fecha agora contra os fumantes
Dois projetos de lei, um municipal e outro federal, se aprovados, vão proibir o cigarro e seus derivados em qualquer ambiente fechado. Comércio se antecipa, tentando se adequar às novas exigências

terça-feira, 22 de julho de 2008

Eleições e boniteza

Político bonitão tem chances de receber mais votos? Será que o Ibope já fez uma pesquisa dessa "relevância"? Só pensei nisto porque vi o Beto Richa na ex-festa do vinho - atual festa do frango e da polenta (mudaram o nome da festa há uns dois anos, porque o antigo nome não ficava bem para os padrões do politicamente correto). Ah sim, Richa estava rodeado de gente, a maioria mulheres. Conheci certa vez uma mulher que votou num político porque o achava um "pão de ló"; eu não votava na época, tinha 17, era "contra o sistema" e deixei para fazer o título na a última hora da obrigação. O "pão de ló" (segundo os padrões pãodelósisticos da mulher) não ganhou as eleições, mas está por aí na política. Bem, se a beleza do político também favorece a obtenção de votos, então temos uma outra forma de política pão e circo. Que trocadilho horroroso.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Inspiração

Pequeno poema didático

O tempo é indivisível. Dize,
Qual o sentido do calendário?
Tombam as folhas e fica a árvore,
Contra o vento incerto e vário.

A vida é indivisível. Mesmo
A que se julga mais dispersa
E pertence a um eterno diálogo
A mais inconseqüente conversa

Todos os poemas são um mesmo poema,
Todos os porres são o mesmo porre,
Não é de uma vez que se morre...
Todas as horas são horas extremas!

Mário Quintana

(Não dei explicação alguma para a mudança de blog - não gosto muito de dar explicações quanto as coisas se explicam por si mesmas-, mas o título para o blog foi inspirado neste poema.)

Sr. Bloguinho

Marcas Marinhas - novo bloguinho (segundo disse o dono) do Marco Aurélio, também dono do Plural.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Das coisas cotidianas

A vida acontece no cotidiano, na rotina de repetições necessárias. Há gente que não suporta rotina e talvez nem seja a rotina que não suporte, mas não suporta é a sua vida, levantar todos os dias, trabalhar no mesmo trabalho, voltar pra mesma casa e mesma cama... As próprias mudanças acontecem dentro do cotidiano, exceto, claro, algumas mudanças bruscas. E se tivéssemos mudanças bruscas todos os dias, como o clima curitibano, elas também passariam a ser rotina. Então eu lembro de Chesterton em Ortodoxia:

O sol levanta-se todas as manhãs. Eu não me levanto todas as manhãs; a variação porém não se deve à minha atividade, mas à minha inação. Ora, para usar uma frase popular, pode ser que o Sol levante-se regularmente porque nunca se cansa de levantar-se. A sua rotina pode provir não de uma falta de vitalidade, mas de uma torrente de vida.

No meu cotidiano de ontem, estava eu no ponto de ônibus, já havia perdido o ônibus anterior e estava atrasada; observei quanta sujeira e lixo havia por ali e comentei com uma mulher a minha observação mental, mas meu pensamento já estava a planejar alguma coisa, um cartaz do tipo "Não jogue lixo no chão. As outras pessoas agradecem", ou arrumar uma lixeira para colocar ali, sei lá.

Então eis que ela me diz sem ênfase, demonstrando certeza na afirmação:

- O problema é esta banca.

Eu, mentalmente espantada: ...?!?!?!

Ela, sentindo a necessidade de me explicar: é, as pessoas compram balas e chocolates ali e jogam o papel no chão.

Eu: ...

Liguei o rádio do celular e coloquei os fones.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma.

Mt 10,28
O Evangelho destes dias e sempre muito atual (deveria ser colocado em ônibus coletivos no lugar das propagandas e mensagens ecológicas, porém logo haveria reclamações, não pelo que diz o versículo Bíblico, mas porque o estado é laico não importa o que a frase queira dizer com). Além de apontar para a realidade, me lembrou do livro Cartas de um diabo ao seu aprendiz (de C. S. Lewis) que termina com os diabos num banquete onde participam os diabos superiores e os iniciados que trabalharão como tentadores dos indivíduos. Veja só que eles também comemoram, ao seu modo, e como em quase toda comemoração, acaba em volta de uma mesa. O prato principal do banquete? As almas dos mais novos homens condenados ao inferno. Eles reclamam da qualidade das almas que chegam: os homens chegam as ser insossos até para o inferno, mas se para Deus os mornos serão vomitados, os diabos obviamente não recusam e acabam ganhando na quantidade. E a qualidade da alma insossa é aprimorada por aqui mesmo, na realidade que convida à anomia, mas também ao alerta, ao ora et labora, assim como há o diabo tentador e há o anjo protetor.

domingo, 6 de julho de 2008

Um cartaz amarelo...

Fim de domingo, bom momento para erguer as pernas e esperar o dia virar. Ou tomar um chima*, como estou fazendo. Mas neste país é proibido sonhar, como naquele poema do Drummond...
Eu vi lá no blog Libertad Matters o post do Reinaldo Azevedo:

A DITADURA DO TSE 1 – Tribunal quer agora censurar a Internet.
(...)
No Brasil, vejam nos posts abaixo, o TSE decidiu criar restrições à divulgação de informação jornalística sobre os candidatos na Internet. Também quer proibir manifestações individuais sobre candidaturas em blogs e páginas de relacionamento.

Como assim?

Uma resolução do tribunal equipara a Internet às televisões e às rádios, que são concessões públicas. As emissoras não podem expressar opiniões sobre candidatos e têm de garantir igual tempo aos postulantes. Jornais e revistas não estão submetidos a essas restrições. Eu poderia, por exemplo, escrever um artigo na VEJA criticando este ou aquele candidatos, mas estaria impedido de reproduzir tal artigo no meu blog. É ridículo.

[suspiros...]

SENTIMENTAL

Ponho-me a escrever teu nome
com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
e debruçados na mesa todos contemplam
esse romântico trabalho.
Desgraçadamente falta uma letra,
uma letra somente
para acabar teu nome!

- Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!

Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências um cartaz amarelo:
"Neste país é proibido sonhar".


(Carlos Drummond de Andrade)


*chima: chimarrão.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Para não dizer que não falei... III

Da mãe que jogou o bebê pela janela de um edifício ontem aqui em Curitiba. Triste, muito triste.
Ela gerou um horror duplo: primeiro, lógico, por ter jogado o bebê, segundo pela a "crueza" das declarações - disse que queria se livrar do problema:

"Sempre fui incompetente para cuidar dela. Fiz isso para me livrar, de ter que cuidar dela"
"Acho que sou esquizofrênica, não me apego mais às pessoas. Não me arrependo do que fiz"

Estava visivelmente atordoada e, pelo que foi divulgado, teria problemas de ordem psicológica.
Claro que o ato já é chocante por si só, mas a crueza não deveria chocar tanto, pelo menos não mais que atos insanos de atentado à vida - na teoria e na prática -, muitas vezes apresentados como modernidades salvíficas, vindo de gente normal, polida, educada e civilizada.

Para não dizer que não falei... II

Ainda no país do Bananão, o Ministério da Saúde está pensando em restringir as propagandas de alimentos que considera, segundo seus padrões, com alto teor de açúcar, sódio e gorduras, como se a propaganda em si fosse causa direta do consumo - como se o vivente não tivesse a liberdade e possibilidade de escolha, e a propaganda serve justamente à isto, e como se fosse um idiota daquele filme Idiocracy -, e pior, é responsável pelos danos à saúde, logo a propaganda é diretamente responsável pelos altos custos que o SUS têm com o cidadão, que paga impostos e que adora uma bolacha recheada. No país da banana a política é tirar o seu e colocando o dos outros na reta. É claro que pouco vai diminuir os gastos do SUS, vai isso sim é afetar as empresas e mais diretamente o caixa dos veículos de publicidade, da tevê especialmente. Fora que será necessário um DGAS - departamento para análise do teor de gordura, açúcar e sódio e pessoal para fiscalizar constantemente a publicidade dos produtos... e aí lembro daquele filme Adeus Lênin, (se bem me lembro) a mulher voltando do coma acredita que está ainda no sistema comunista e analisa uma meia-calça que estaria fora dos padrões do departamento... como diria minha irmã, misericórdia!

Esta é a Bananaland, o país que é uma pintura mal acabada de Salvador Dali.

E o Lula em Curitiba diz que o Brasil é o principal responsável por combater a crise mundial de alimentos

Megalômano? Mas não sozinho, a parte da responsabilidade é dividia com a sociedade.

O brasileiro não está preparado para ser "o maior do mundo" em coisa nenhuma. Ser "o maior do mundo" em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e sufocante responsabilidade. (Nelson Rodrigues)

Ai que estes assuntos me cansam a beleza...

Para não dizer que não falei... I

E para não dizer que não falo do Bananão, esta nova lei da tolerância zero no bafômetro é o resultado da política baseada em algum tipo de filosofia risco zero: o cidadão comum é um risco ambulante, portanto, é penalizado antecipadamente por crimes por ventura possa vir a cometer. O vivente não poderá ser pego no bafômetro mesmo que não tenha cometido crime algum, já se estivesse com erva danada, mas sóbrio, aí poooode! Mas há outros exemplos desta filosofia: do cidadão gordo pelo trabalho que possa vir a dar (ao estado, à empresa de ônibus que precisa disponibilizar bancos mais largos, aos transeuntes na rua, ao SUS, ao aquecimento global, etc), os tabagistas... pfff, os amigos do colesterol que adoram uma batata frita, etc, etc, (viu como há pessoas que são um risco à sociedade? na dúvida, leva todo mundo!) O bom senso talvez fosse a efetiva punição dos atos criminosos pela lei atual que já não é branda, mas não no Bananão que criminaliza a possibilidade enquanto os crimes mesmo levam anos para serem julgados. Há quem acredita que a lei é mais uma dessas que não vão pegar na prática; a questão não é essa, mas se deveria pegar. Parece daquelas leis rígidas que só vai pegar de acordo coma cara do freguês.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Não vos conformeis com este mundo!

(Rm 12,2)

Ter filhos é uma maneira de não se conformar a este mundo, é quando a gente vê que, apesar de tudo, há uma esperança lá no fundo da alma. E que as coisas acontecem sempre, embora haja modismos, mas o que é bom, o que é dom, permanece.

A gente começa a amar só pela notícia, sabido primeiramente pelo teste da farmácia “tem um ou dois risquinhos aqui?”. A vidinha tem poucos dias, mas já uma persona desde o que chamo de big bang individual (ok, isto soa um tanto delicado, não entrarei no mérito da questão neste post).

Não, ainda não sou eu a mãe, por enquanto: daqui para frente serei a tia Lê!

Deus abençoe, irmazinha (Tar)!

domingo, 29 de junho de 2008

À minha irmã Mimi...

(o amor é uma decisão!)

Tenho Tanto Sentimento

Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.

(Fernando Pessoa)

E é só, que os domingos acabam comigo.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Chegou!!!


Comprei a revista Dicta&Contradicta pela internet. Porque aqui nesta capital estas novidades não chegam, ou chegam com uma década de atraso. Curitiba é uma cidade grande que cresce em gente, shoppings, parques e carros, mas no fundo é uma cidade bem provinciana. Nesta cidade não acontece nada.
*
A revista-livro é algo como “me ame ou me odeie” (a julgar pelos comentários e pelo que já saiu por aí).
Explico: criou-se nas mentalidades uma “Síndrome de Olavo de Carvalho”, se você não é por si só um olavete, não tem problema, será taxado assim mesmo, assim como tudo que possa lembrar o Olavão, especialmente no que ele tem de bom para cima. Também há a “síndrome do cristianismo”, qualquer coisa que cogite religião Cristã é considerado um ataque à razão e você vira um fanático intolerante. Há sim, ia esquecendo da “síndrome do ultradireitismo”, qualquer coisa que cheire a conservadorismo é o sintoma e uns dos adjetivos mais utilizados é “arrogância”. Junte as três síndromes e há a terceira guerra mundial para cima do rotulado, e não é necessário saber ou discutir os porquês. Então, se o vivente de cara têm horror a estes rótulos, pode estar sofrendo de síndrome do pânico. Para esta questão toda é indicada a “intenção paradoxal” - técnica da logoterapia de Viktor Frankl: leia a revista.
*
Ainda, site-blog: www.dicta.com.br.
Entre vários textos, há áudios das últimas aulas do Bruno Tolentino.
*
(e por falar em rótulos) De um amigo: “Se você tivesse feito filosofia na faculdade hoje estaria no PSTU!”
É um pouco plausível, graças a Deus fui para os números e leis (o que na verdade não quer dizer muita coisa, né). Graças a Deus que me fez com uma veia libertária (e isto não é uma incongruência!) e que estou conhecendo gentes e coisas boas.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Quando ter lido Galeano me foi útil

Lá pelas tantas do curso Bíblico sobre o Antigo Testamento (os PC´s chamam de Primeiro Testamento!), o Professor de Teologia discorria sobre o Êxodo, da importância para o início da formação do Povo de Deus, das dificuldades e em como o povo tinha esperança, etc, etc, aí ele solta a pérola galeanesca:

Janela sobre a Utopia
Ela está no horizonte. Aproximo-me dois passos. Caminho dez passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte fica dez passos mais longe. Por muito que eu caminhe, nunca a alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isto: para caminhar.
(Eduardo Galeano)

Se eu estava com déficit de atenção naquele momento, a frase foi um chacoalhão, um “hã?” mental. E logo pensei que sobre a esperança, há alguém muito mais interessante e confiável para citar - o Papa - para aquela cambada de Católicos. Para quem compreende pouca coisa de Bíblia como eu, ainda mais do Antigo Testamento, a citação deste conhecido escritor-militante me soou esquisitíssima, a frase ficou destoada, deslocada mesmo. É praticamente impossível que o professor não soubesse quem estava citando e o sentido das suas palavras. Enfiei o sapo pela goela e tratei de prestar mais atenção à aula que estava sim interessante e cujo momento galeânico foi de passagem e eu não queria ser tão... chata.

Foi de passagem, mas pelo jeito, daquelas coisas que marcam!, embora houvesse outras partes da aula que pudessem ser mais marcantes (que ironia Moisés perdeu pra um latino...). Abro meu email e uma mensagem recomendava uma “reflexão” da citação, informada na sua versão original: e no lugar de esperança o correto é utopia. Muito bem. O sentido do pensamento de Galeano na “leitura” de utopia como esperança, não faz muita relação com o Cristianismo, ou melhor, não faz nenhuma, porque Jesus Cristo (a nova aliança) não é uma utopia terrena, mas a Verdade que nos faz ter esta esperança alegre de não desistir da aliança e do caminho para a vida eterna.

Sobre a esperança, o Papa Bento XVI escreveu uma Encíclica específica: Spe Salvi - Sobre a Esperança Cristã - que no início do documento diz:

1. « SPE SALVI facti sumus » – é na esperança que fomos salvos: diz São Paulo aos Romanos e a nós também (Rm 8,24). A « redenção », a salvação, segundo a fé cristã, não é um simples dado de facto. A redenção é-nos oferecida no sentido que nos foi dada a esperança, uma esperança fidedigna, graças à qual podemos enfrentar o nosso tempo presente: o presente, ainda que custoso, pode ser vivido e aceite, se levar a uma meta e se pudermos estar seguros desta meta, se esta meta for tão grande que justifique a canseira do caminho.
(...)
hoje particularmente sentidas, devemos escutar com um pouco mais de atenção o testemunho da Bíblia sobre a esperança. Esta é, de facto, uma palavra central da fé bíblica, a ponto de, em várias passagens, ser possível intercambiar os termos « fé » e « esperança ».

E mais à frente:
É importante saber: eu posso sempre continuar a esperar, ainda que pela minha vida ou pelo momento histórico que estou a viver aparentemente não tenha mais qualquer motivo para esperar. Só a grande esperança-certeza de que, não obstante todos os fracassos, a minha vida pessoal e a história no seu conjunto estão conservadas no poder indestrutível do Amor e, graças a isso e por isso, possuem sentido e importância, só uma tal esperança pode, naquele caso, dar ainda a coragem de agir e de continuar.

A citação sozinha de Galeano pode ser "tocante", mas pelo conjunto da obra e da vida do conhecido escritor uruguaio, não é coerente, ou melhor (já que coerência sozinha não quer dizer muita coisa) - não se "encaixa” em essência no pensamento e modo de vida Cristão Católico. Neste caso, as palavras do Papa cumprem o papel de estímulo e orientação a permanecer na fé e não desistir do caminho de Cristo.
Ainda: não é uma questão meramente de gosto: eu não gosto do Galeano, gosto mais do Papa! Ah já eu gosto do Galeano e do Papa! Para mim tanto faz! É verdade que, estou no primeiro caso, mas se fosse assim, a reflexão terminaria por aí, como se nos contentássemos (ou tivéssemos que nos contentar) com um “porque sim” ou “porque não”, em nome da gentileza e da paz entre os homens... Já fui leitora de Galeano, de veias-abertas e tudo, se tivesse continuado na estrada da utopia, seria mais um que anda, anda, anda e nunca chega a lugar nenhum, ou se chega a qualquer lugar, mas teria (ô consolo!) galeanos andando na frente, sempre caminhando-e-cantando-e-seguindo-a-canção num êxodo triste que sempre recomeça sem mesmo terminar.
Talvez esteja dando muita pelota pra uma titica de nada que durou alguns segundos da aula, mas é de titica em titica que se fazem estragos e confusões na fé dos outros. E também porque eu sou chata.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

E hoje, aniversário do Pai...

AS MÃOS DE MEU PAI

As tuas mãos têm grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já da cor da terra
- como são belas as tuas mãos
pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram da nobre cólera dos justos...
Porque há nas tuas mãos, meu velho pai, essa beleza que se chama simplesmente vida,
E, ao entardecer, quando elas repousam nos braços da tua cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas...
Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente, vieste [alimentando na terrível solidão do mundo, como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento?
Ah! como os fizeste arder, fulgir, como o milagre das tuas mãos!
E é, ainda, a vida que transfigura as tuas mãos nodosas...
essa chama de vida – que transcende a própria vida
... e que os Anjos, um dia, chamarão de alma.

Mário Quintana

(E para quem tem cinco filhos e a mãe, não precisa chamar mais gente para fazer uma festa!)

terça-feira, 20 de maio de 2008

Senhor...!

Aquecimento global, poluição, catástrofes naturais + crise de alimentos... uma coisa não tem necessariamente relação de causa e efeito com outra, mas está sendo dito-aceito-e-papagaiado como fato concreto e tá deixando o povo com as idéias meio entreveradas.
Veja só, no momento das preces, o Padre lembra a situação da China que sofre com as catástrofes naturais (ninguém lembra tanto assim de Mianmar), segundo ele, uma forma de vingança da natureza... (nem diga Padre, isso que nem se conta aí as catástrofes antinaturais...). E daí a gente se esquece do motivo inicial da prece e reza (apavorado!) para a natureza ser boazinha e ter pena daqueles que fazem a sua parte. “...e por favor seja mais seletiva nas catástrofes Dona Natureza!”, e claro, agradece à natureza pelo Brasil ser um abençoado solo preguiçosamente deitado em berço, digo, numa placa tectônica inteira.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Estou por aí, vivendo



DA VEZ PRIMEIRA EM QUE ME ASSASSINARAM

Da vez primeira em que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha...
Depois, de cada vez que me mataram
Foram levando qualquer coisa minha...

E hoje, dos meus cadáveres, eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada...
Arde um toco de vela, amarelada...
Como o único bem que me ficou!

Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!
Ah! Desta mão, avaramente adunca,
Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!

Aves da Noite! Asas do Horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz do morto não se apaga nunca!

Mário Quintana
(dos poemas que eu mais gosto do Poeta)

sábado, 26 de abril de 2008

Pessoas têm idéias, idéias têm conseqüências...

Antes de uma idéia, de um conceito, ideologia, uma coletividade, há uma pessoa, criatura humana, única, um indivíduo. É um óbvio ululante. Mas não custa ressaltar com as últimas frases de Paul Johnson em Os intelectuais: “as pessoas são mais importantes do que os conceitos e devem vir em primeiro lugar. O pior dos despotismos é a insensível tirania das idéias”.

* * *

Ah, também não custa inserir uma parte do parágrafo final do livro.

Uma das lições mais importantes de nosso século trágico, em que assistimos a milhões de vidas inocentes serem sacrificadas em planejamentos para beneficiar a maior parte da humanidade é: cuidado com os intelectuais. Eles não apenas devem ser mantidos bem afastados das engrenagens do poder como devem ser objeto de uma desconfiança particular quando procuram dar conselhos coletivos. Cuidado com as comissões, conferências e associações de intelectuais. Não confie em declarações públicas emitidas de suas fileiras cerradas. Não leve em conta suas opiniões a respeito de líderes políticos e de acontecimentos importantes. Isso porque os intelectuais, que estão longe de ser pessoas em alto grau individualistas e não-conformistas, seguem certos modelos de comportamento constantes. Considerados como um grupo, eles geralmente são ultraconformistas no interior dos círculos formados por aqueles cuja aprovação eles desejam e valorizam. Isso é o que os faz,
em masse, tão perigosos, pois lhes permite criar ondas de opinião e ortodoxias dominantes, as quais geralmente originam uma série de ações irracionais e destrutivas. Sobretudo, devemos nos lembrar, a todo momento, do que os intelectuais com freqüência esquecem: que as pessoas são mais importantes do que os conceitos e devem vir em primeiro lugar. O pior dos despotismos é a insensível tirania das idéias.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Lele, Lelé, Lelê...

Pronto, Lelê. Está resolvida a crise de “identidade gramatical”.
*
Qualquer dia eu volto (ultimamente ando afogada em números e inúmeros prazos), depois sumo, retorno e... assim é a vida.

terça-feira, 4 de março de 2008

Pelo bem do progresso humano

Reduzir o debate da aprovação da lei sobre pesquisa com células tronco embrionárias a um embate Igreja (Católica) x "comunidade científica" para variar já se tornou lugar comum em questões polêmicas quando envolve a Igreja como instituição e por isso estigmatizadas desde o princípio. Este "argumento" é usado como princípio para simplificar as questões e enquadrar os lados cada um no seu "devido lugar": os que estão do lado do progresso humano (os cientistas) e os que estão do lado da obscuridade (os religiosos). Considerando este princípio, todo o resto vem de acréscimo: se o estado é laico, logo o Supremo deverá ficar do lado da ciência para justamente provar sua laicidade, se alguns membros do Supremo são Católicos ou escondem sua opção religiosa porque mancha o currículo ou votam a favor da lei para de novo provar que não misturam as coisas. E todo o resto da discussão fica prejudicada porque já se iniciou desonesta e desvirtuada das questões principais. É isso que está sendo apresentada à massa com um apêndice que é o apelo emocional de esperança de uma quem sabe possível futura cura de tristes doenças. Desonestidade + emotividade não podem resultar em verdade, só formam uma rima pobre.
Como é comum num ambiente "livre", o que há é gente contra e gente a favor da utilização das células tronco-embrionárias em pesquisas científicas. E claro que a Igreja Católica entrou na discussão porque obviamente (1) como instituição tem direito de participar e (2) o assunto lhe diz respeito oras, mas não somente a si, porque a questão “vida” é um valor universal. A turma-a-favor além de jogar dúvidas da laicidade do Estado para testá-lo, diz que o início da vida é relativo, depende do "conceito pessoal" de cada pessoa e do "momento cultural" da sociedade. Para quem se julga tão científico, um argumento desses é bem obscuro. E acusam a turma-do-contra por atentar com a laicidade por usar a concepção / fecundação como início da vida - um argumento que é provado cientificamente, amplamente aceito no meio científico e que dá suporte e é suportado pelo direito natural do homem, argumentos antes éticos e científicos que religiosos. Então, depois de denunciar o argumento religioso e dizer que não há consenso de quando se inicia a vida, a turma-a-favor “vê” um consenso no ar, a partir da atividade cerebral: é ser vivo se tem cérebro, antes disso é um bolinho de células manipuláveis guardadas numa agulha ao alcance das mãos e das lâminas, e depois disso, é a morte. Bem fácil de explicar, bem fácil do povo entender. Ainda, se há uma possibilidade de pesquisa que já apresenta resultados científicos de sucessos são as células tronco adultas, então porque não se respeitar o limite da vida presente nas células tronco embrionárias? Para apenas ficar nestes dois pontos.
Agora explica isso para a massa, explica isso clara e honestamente no jornal nacional, nas páginas amarelas das revistas, nas entrevistas de rádios conhecidas, que não se trata simplesmente de aprovar ou não experimentos, de deixar ou não a ciência experimental trabalhar, a questão não é de ordem prática tão somente, mas se trata de aprovar idéias, mudar princípios em que se baseiam não somente a legislação, mas a cultura e consciência das pessoas. Que a aprovação abre precedente para aprovação do aborto. Que se trata cada vez mais de uma cultura de morte. Mas quem liga para isso se eu posso melhorar a vida, se é para bem do "progresso humano"? Pelo bem do progresso humano atrocidades foram cometidas e embriões, que são sim vidas, independente se são fertilizadas in vitro e por quanto tempo estocadas em clínicas de fertilização, serão sacrificados como os meios que justificarão um fim altamente questionável em todos os sentidos. Pelo bem da humanidade se mata o indivíduo.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Últimas notícias...

1. Estou viva.

2. O anti-carnaval foi proveitoso: leitura, piscina, filmes e pizza em família.

3. De tempos em tempos tenho uma ânsia por livros, mais ou menos como mulheres por bolsas, não que normalmente e diariamente não tenha esta ânsia (por livros, não por bolsas, bem, por bolsas à vezes). Considerando a atual e sempre contenção financeira, apelei para a troca e saí catando livros trocáveis. Achei umas tranqueiras escondidas (literalmente) no armário, coisa do tipo “As Veias Abertas da América Latina” de Eduardo Galeano (do tempo da faculdade...), um romancezinho curto e sofrível do mesmo autor, “Ócio Criativo” de Domenico de Masi (também do tempo da faculdade, que coisa...), este nem terminei de ler, me bateu uma preguiça, e outros dois livrinhos com teor anti-americano, outros tempos, outros tempos, fui salva a tempo desse lixo todo. Só fiquei culpada em passar o lixo pra frente, mas salve a liberdade e o capitalismo!, troquei quase todos (o cara do sebo não quis o “Lolita”) pelo “Os Intelectuais” de Paul Johnson. É a minha atual empreitada. De lambuja e mais uns reais trouxe “O Ópio dos Intelectuais” de Raymond Aron. E, como criei várias desculpas irresistíveis e salutares, adquiri “Ortodoxia” de Chesterton (editora Mundo Cristão) na livraria de um shopping, estava na estante-destaque de “auto-ajuda”(!) (”Sobre o Islã” de Ali Kamel também estava nesta estante). Aos que não gostam de auto-ajuda, como eu, vão passar longe da estante. Talvez a classificação melhor para o livro seria “Religião”, mas aí haveria o óbvio prejuízo de imagem... pesados os prós e contras, fica tudo na auto-ajuda mesmo né, já não fazem da religião isso mesmo? Então, não ignore as estantes, não fosse “Ortodoxia” ser alaranjado e com letras enormes, não o teria notado perdido entre Zíbia Gasparetto, Augusto Cury, ...

4. Aliás, fui ao shopping não para comprar bolsas, mas para aproveitar o desconto que ganhamos nas entradas de cinema nos dias do meu anti-carnaval e ver o filme O Gangster. Muito bom, com vantagem de ser americano e dar o que pensar. O cara - o gangster - cria a seu "mc donalds” (sem trocadilhos) das drogas, tudo na maior ética, inclusive matar, sendo traído pela vaidade alheia. Claro que o filme é muito mais, vale a pena o ingresso, se for com desconto honesto, melhor. Bem, explico ainda o “com vantagem de ser americano e dar o que pensar”: é que paira sobre a coletividade que filmes americanos por serem americanos não têm o que dizer - a tal “mensagem” - só servem para diversão, mais ou menos como o Mc Donalds. Ou só os filmes americanos anti-americanos teriam o que dizer. O bom da fórmula “dar o que pensar” é que a “mensagem” não vem prontinha e bonitinha, é preciso um tantinho de esforço. Ah, Onde os fracos não tem vez (o filme do anti-carnaval, junto com Casablanca) segue a mesma linha do “dar o que pensar” e eu nunca mais vou me esquecer da cara do Antom, o sujeito essencialmente mau que só é interrompido pela providência divina ou pelo acaso, como queiram.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Ano novo e a mesma vida

Não faço promessas de ano novo e não é do meu feitio fazê-las, não porque não acredite ou que não vá cumprir, mas só de pensar na promessa me dá uma preguiça, como às vezes que digo a mim mesma “amanhã farei jejum” e já me bate a fome hoje. É a tentação do contra. A bem da verdade já fiz promessinhas instantâneas para desesperos momentâneos e fiz uma única grande e séria promessa, aquela que a gente diz na frente do Padre “eu prometo amar-te, respeitar-te...”, mas não foi instantânea nem estava desesperada, e é mais que uma promessa: um compromisso.
Nem digo “ano novo, vida nova”, porque é a mesma vida, a minha mesma vida que se acelera no começo do ano, que a celebro no recém-nascido ano. Nestas festas de reveillon tenho a impressão que o indivíduo quer tanto-tanto-tanto a mudança e que ela aconteça como a instantaneidade dos os fogos de artifício, que brilham no espelho dos olhos, que soltam lágrimas, e vamos todos embebedar em álcool e coletividade, e depois... e depois acabou-se o que era doce, a ilusão cai como uma chuva de cinzas dos fogos mortos e sobram corações vazios como os cartuchos de uma alegria triste e bêbada.
E quando passa o dia da confraternização universal, é a mesma vida que volta com um dígito diferente para nos lograr no preenchimento das datas “desculpa, estou em 2007 ainda” (há risinhos), por dentro a alma chora o tempo “como passa, como passa, e eu não curto a vida, olha só vizinho, nem pude viajar para preencher o coração, como a minha vida é chata e monótona meu Deus!”, só foram os fogos de artifício que acabaram... restou o céu, o indivíduo e Deus, mas o reclamante prefere juntar trapos das fantasias de felicidade na aglomeração. A data errada é só um diminuto erro perto do que se escolhe como ideal de felicidade, onde se deposita o cheque da esperança com o ano borrado.
Claro, há e deve haver esperança de que a vida melhore, talvez até mude! Não há problemas com os fogos e comemorações tantas, o problema, creio eu, é quando isso se torna a própria mudança desejada, os fogos estouram e eu me torno como por mágica uma pessoa nova! O problema é achar que a vida só melhora quando há progresso material visível, quando não se enxerga que o espetáculo dos fogos de artifício só é possível porque há um céu que lhe faz base. O espetáculo é o próprio céu e o céu é o abraço de Deus nos seus filhos.
Meu coração não explode com os fogos, mas com os corações que estão ao lado e eu desejo só a minha mesma vida e todos os corações que me habitam, voltar todos os dias ao mesmo colchão de amar...