segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Contra-revolução dos sutiãs conservadores

Suponho que as feministas que queimaram sutiã em praça pública não imaginaram onde ia parar, na modernidade, as conseqüências do gesto e do que defendiam. Não é uma crítica fundamentada ao feminismo, é mais um tipo de desabafo. Pensei num gesto reacionário aquele ato: vestir sutiãs em praça pública! No mínimo chamaria a atenção da sociedade, literalmente. Mas, pensando bem, soaria ridículo e não seria um gesto que mulheres conservadoras fariam, mesmo porque é comum e considerado normal que mulheres saiam pelas ruas mostrando mais que o sutiã.
Bem, se o mercado de trabalho era uma opção feminina e a maternidade algo natural e também naturalmente aceitável, hoje ocorre o contrário: é obrigatório - “tornou-se” “natural” (aspas necessárias) – que a mulher seja uma operária e que a maternidade seja uma opção. Vão dizer que é a necessidade, que a mulher saia trabalhar, que o homem não dá mais conta sozinho, etc, mas claro! Depois de tanto, já virou necessidade o que poderia ser uma faculdade! Atenção, estou obviamente generalizando, não estou tirando o mérito daquelas mulheres que precisaram se virar para sustentar os rebentos, ocorre que isto deveria ser uma exceção e não a regra moral.
E será que o homem não dá mais conta de dirigir e sustentar uma família? Ou será que não quer mais se esmerar tanto? O feminismo provocou isto também: homens bundões e tem mulher que tá criando filho (homem) com vocação para ser bundão, fracote. Mas, pelo que vejo por aí entre amigas e conhecidas, o que obviamente não é uma constatação estatística científica, é que o feminismo ta cansando a beleza das mulheres modernas: elas querem quem as sustentem para ficar lindas de pernas para o ar, ou melhor, de pernas na academia, no shopping, enquanto os filhos ficam na escola em tempo integral. Ta pensando o que minha filha, que tua vó, ou mesmo a mãe, ficavam em casa cuidando das unhas, que não tinham sérias responsabilidades que uma casa, família, filhos, requerem?
Tenho plena noção de que não adianta só reclamar: a reclamação, crítica vazia só produz gente feia e chata. É preciso uma contra-revolução dos sutiãs conservadores (é bom um pouco de humor também) e não precisa sair caçando feminista por aí não; é começar pela atitude da própria mulher em relação a outras, recuperando os valores no diálogo entre esposos (que começa lá na fase do namoro), nas rodas de amigas solteiras ou não, no grupo da Igreja, na educação dos filhos, etc, e se não der para ser de uma hora para outra, que seja aos poucos, mas que seja.
Sinceramente, eu olho para uma mulher de 40, 50 anos resultante do feminismo, e por mais que a admire sob alguns aspectos pessoais, não desejo ser como ela (atenção: isto não é julgar, é avaliar para escolher). Mulher, pense e seja diferente!, mesmo que pareça estranho que para ser diferente seja preciso olhar para duas, três gerações atrás!

10 comentários:

Alma disse...

Imagine a generation X que está saindo dessas famílias de pais ausentes e mães feministas, workaholics e obcecadas por aparências. Os filhos saem da escola para a natação, depois para aula de inglês, depois para a aula de música, depois para o shopping com os amigos...
Os pais fazem de tudo para se livrar da molecada a semana inteira. O que eles vão ser quando crescerem?

Marie Tourvel disse...

Eu não sigo padrão nenhum. Acho que mulher é mulher e homem é homem. Eu, por exemplo, sou bem mulherzinha. Daquelas que se não encontram o caminho, pára e pergunta pra alguém. Esse negócio de homem bundão não é comigo, viu? Ah, e uso sutiã, óbvio. ;) Adorei seu post, querida. Um beijo.

Anônimo disse...

Bom eu ja trabalhei 40horas corridas, fui mãe e continuei enlouquecida. Por comum acordo mudei de país e de estilo de vida... agora sei o que como e o que minha familia come, por que sou eu que preparo a comida com tempo suficiente para faze-la decente. Não tenho mais uma empregada fazendo uma faxina superficial e ainda posso educar minha filha com os meus valores e acompanhar o seu crescimento. Ficou tudo muito melhor.

Norma disse...

Lelê, nossa, eu cansei de namorar homem "bundão". Tanto que fechei pra balanço. Tô há um tempão sem namorar e nunca estive mais feliz. :-) Sério. E, se fosse hoje me apaixonar e casar, teria de ser em outros moldes. Nada de ficar me matando em casa e na rua.

Eu me pergunto se aqui no Brasil o fenômeno da geração masculina bundona (eita) é mais forte ou se é um troço mundial mesmo. Por outro lado, corro de homem machista. De fato, a coisa mais difícil do mundo é evitar os excessos...

Abração, querida!

Lelê Carabina disse...

Fernando, é nestas coisas que penso quando penso nos futuros filhos que terei, se Deus quiser, não preciso seguir tal padrão da modernidade! E Mary, eu também acho que não é bom seguir padrões, mas sim princípios e ter "modelos" (bons) de pessoas reais, mesmo porque os padrões mudam como a moda... diz que agora é moda entre as mulheres ter o formato triangular do rosto (atual) da Madona, já pensou?! Mas é isso, parece que há uma maior preocupação com este tipo de "dúvida",enfim ... Giovana, assim tu deixa qualquer feminista de cabelo em pé haha esta parte do "comum acordo" é essencial! E é por isso que com homem machista (Deus me livre Norma! rsrs) não dá certo, pois este tipinho não quer diálogo ou acordo. Um abração pra vocês!

R. B. Canônico disse...

Olá Lelê!

Não conhecia o blog, e gostei bastante. Esse post é arrebatador, ainda mais vindo de mulher. Já faz tempo que vi muita gente dizendo que esse feminismo das últimas décadas não passa de um movimento para transformar as mulheres em "machos" de saias e os homens em um bando de pamonhas semi-inúteis. Mas a constatação da realidade é justamente essa: a falta de um padrão claro do que é bom e mau, que define a busca das virtudes, faz com que reine essa bagunça do 'tudo pode' ou o egoísmo do tipo MINHA liberdade, MINHA carreira profissional. Eu não tenho a menor dúvida de que um filho tras muito mais alegrias do que uma promoção no trabalho. E, ao contrário do que dizem, penso que isso é o verdadeiro humanismo, e não uma mentalidade retrógada.

O mundo precisa daquele 'toque feminino' que as feministas não possuem, pois abdicaram dele!

Enfim, adorei o blog e gostaria de colocar entre os links que disponibolizo em meu blog tb.

Beijos

Lelê Carabina disse...

Canônico, também não é fácil, para a mulher que foi educada numa cultura "homens de saias", ficar só com as saias, pois nesta cultura ou a mulher é isto ou não seria nada, não teria significado sua existência. Mas eu acredito que é possível ser "diferente" neste mundo-de-meu-Deus e por isso um dos meus lemas é: "Não vos conformeis com este mundo" (Rm 12,2). Já coloquei link para teu blog, que gostei muito, abraço.

Alma disse...

Onde vc anda Lelê? Sentimos falta dos seus posts!

Anônimo disse...

Até que "sutiãs conservadores" poderia ser um nome legal de banda. :-)

Lelê Carabina disse...

Oi Fernando! Realmente ando sumida, um tanto por falta de tempo, outro por falta de "inspiração"! Qualquer dia desses eu apareço, e obrigada por lembrar! Tanja, não havia pensado nisso, mas é uma boa idéia e bem prática, já que o "conservadores" exclui automaticamente alguns tipinhos "musicais"... Abraços!