quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Anencefalia e desumanização

Um bom artigo na Gazeta do Povo de hoje
No mais, estou meio sem tempo. Não costumo reclamar do tempo não, parece coisa de do atrasado que se desculpa dizendo que o ônibus quebrou, quando quebrou mesmo!, e a desculpa não pega, então, melhor nem usá-la. Acho que Deus anda me pregando peças e eu que não gosto muito de surpresas (exceção para presentes e uma ou outra coisa hehe), normalmente gosto das coisas mais ou previsíveis, estou sentindo a experiência (ok, um pouco, pois não é nada fácil aplacar a ansiedade) de viver aquela parte do Pai Nosso que a gente engasga quando reza: seja feita a Vossa vontade! Já que é assim, então tá. Sem mais delongas, eis um pedacinho do artigo.

Opinião - Gazeta do Povo
Anencefalia e desumanização

(...)

O problema mais grave, contudo, é o ético. Como o anencéfalo não possui todos os critérios de morte encefálica ele não está morto. Desta forma, as posições em relação a ele podem ser apresentadas de duas maneiras distintas:

Ele não é pessoa. Jamais terá consciência, devido à ausência dos hemisférios cerebrais. A impossibilidade de relações sociais define um posicionamento antropológico aqui de identidade completa entre o cérebro e a vida de relação. Esta corrente filosófica que atribui diferentes graus de dignidade aos seres humanos. E o anencéfalo estaria entre os últimos, sem nenhum tipo de direito, pois que não é pessoa. Nesta mesma linha, estariam também os pacientes em coma irreversível e os embriões.

Outros, com uma antropologia unitária e racionalmente fundamentada, defendem que se trata de uma vida humana em toda a sua dignidade, mesmo que gravemente enfermo e destinado à morte na fase neonatal. Um paciente terminal neonatal e que merece cuidados e conforto para que tenha uma morte tranqüila. Para esta linha não é possível pensar na vida humana dualisticamente. Ou seja, separar ser humano de pessoa.


Autor: Cícero de Andrade Urban é professor de Medicina da Universidade Positivo.

Um comentário:

Marie Tourvel disse...

Tempo é uma bela porcaria, Lelê. Mas se não fosse ele, choraria as 24 horas do dia... ;) Um grande beijo.