quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Percepção da realidade e jogo político

Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma. (I Coríntios 6, 12)


Como se nota, nem falo sobre as eleições e política aqui, dá uma preguiça. E agora não pretendo me estender sobre isso. Minhas impressões é que há uma inversão em massa da realidade. Ontem via o programa "A Liga" na Band (o programa até que é interessante, mas o objetivo não entendi ainda, às vezes acho que eles jogam os assuntos e... e daí? e daí nada, fica por isso mesmo), a reportagem era sobre drogas, peguei a parte final. Sem entrar no assunto, um usuário de "doce" - LSD ou "bala" - ecstazy (ou é o contrário) dizia que usava para sair da realidade. Convenço-me de que é isso mesmo, fuga: do tédio, da apatia, das responsabilidades, da falta de outros prazeres saudáveis, do vazio, da falta de criatividade, das durezas cotidianas, etc. 
Pura abstração, ilusão. É isso, as pessoas se pudessem fugiriam da realidade - qualquer uma que fosse opressora da alma (uma mansão por exemplo pode ser opressora!) para um lugar muito mais confortável e perfeito. Fugir da realidade é uma tentação do espírito, creio eu, tenta qualquer pessoa e tenta mais aquela que reconhece a tentação. Quantas vezes desejei sumir? Graças a Deus não temos este poder tão facilmente. Uma amiga disse certa vez, acho que era num momento meio difícil, para sumir, dar um tempo e depois voltar, que isso até era normal no país em que ela estava; era (e é) um conselho muito estranho, embora pragmático. 
Quantas vezes em determinados momentos o pensamento cria uma realidade paralela na mente? Não estou falando de pensar em coisas diferentes, imaginar, mas de um tipo de pensamento viciante, até o ponto de não se conseguir controlar, de não conseguir enxergar mais a própria vida sem uma vida paralela em pensamento. Os psicólogos devem ter uma explicação para isso, mas é extremamente prejudicial espiritualmente falando, creio eu. E acredito que o melhor lugar para se encontrar ainda é a realidade (não me recordo agora quem disse algo que me inspirou este pensamento). Lembrei-me aqui de Victor Frankl e seu livro "Em Busca de Sentido"
Eu creio que o sentido da vida está na percepção da realidade e creio que Deus está presente na realidade. Pensando bem, nem para rezar a gente se afasta da realidade, mas se eleva ou se coloca a alma e tudo mais diante de Deus. 
E qual a relação de tudo isso com a política? A política é uma parte da realidade, aliás quase todo o cenário hoje é centrado nas eleições e não há como apreender totalmente a verdade nestas veredas, e como não dá! Mas é possível usar de princípios e valores éticos e morais como um norte; é possível tentar compreender o jogo e suas regras e neste campo nem precisa usar argumentos que alguns diriam, com boquinha de nojo,  "religiosos". 
Quando as pessoas acham normal o jogo sujo, o golpe baixo no jogo político; quando as pessoas consideram uma encheção-de-saco a reclamação da vítima (no caso das violações de dados sigilosos para uso em dossiês); quando é considerado como atitude crítica o Presidente expressar que um partido de oposição seja "extirpado" da política... Ora, os fatos, as falas, tudo está posto, mal-e-mal como diziam os antigos, mas é possível vislumbrar que há uma realidade posta e a realidade distorcida e logo massificada pela ordem da vez: a popularidade que permite. Se você ousar criticar o popular-dos-populares, logo se sentirá um E.T, no mínimo será classificado como da oposição, não importa se você busca a verdade tão somente. 
Lembro das minhas frases prediletas da Bíblia  "Tudo me é permitido, mas nem tudo convém." O popular diria "Tudo posso quando tudo me convém". Inclusive confundir a realidade para conquistar cada vez mais poder, um poder que quer hegemonia.
Era isso.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A misericórdia dos modernos

A misericórdia dos modernos acolhe os desesperados na falsa caridade, oferecendo-lhes com ternura, com os mais nobres sentimentos e aparente sensatez, o que há de pior. É maldade pura, é lobo em pele de cordeiro. A famosa e tão usada frase "ser firme sem perder a ternura jamais" do mais reproduzirdo dos rostos latinoamericanos - Che Guevara - não poderia ser tão certeira: dureza e frieza nos métodos, mas com aquele ar terno, afetuoso, quase cute. É o contrário do bom pai que com dor no coração precisa castigar um filho, ou sendo amoroso, não perder a noção dos limites, a vigilância no bem.
Um exemplo desta "misericórdia" é a idéia estúpida do aborto na saúde pública. Leio a notícia sobre a posição da candidata Dilma Roussef sobre o aborto: o aborto deveria estar disponível para as mulheres, sobretudo, as mulheres pobres que recorrem a ele “no desespero”. Então, a mulher no desespero procura um caminho e há somente uma porta com uma plaquinha onde diz "morte". Morte do bebê (ou feto, que seja, é vida) e do sentido da própria vida da mulher. Na falta de luz no fim do túnel, dê graças porque há um túnel... escuro! Sem falar que para mulheres pobres, o que no fundo é um preconceito.
Enfim, não sei se é um sinal dos tempos, mas é um sinal de decadência, ah é. É uma abstração. É a morte.
*
Ainda: Vídeo de Dilma sobre o aborto.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Tragédia alheia e o final feliz de Deus e dos homens

Fiquei mais condoída depois de ter filho. Alguém já tinha me avisado: você vai querer abraçar o mundo com os dois braços somente, e vai sofrer com as dores alheias. Bom, não é para tanto assim essa de querer salvar o mundo, quando mal consigo dar conta de nos salvar dos ácaros lá de casa. Não estou dizendo que o sofrimento traga prazer (embora haja gente pra tudo neste mundo, inclusive para isso), pelo menos eu não busco saber notícias da tragédia alheia para ficar condoída de propósito. Acho que telejornais que exageram na cobertura de tragédias se provalecem* da curiosidade mórbida que todo mundo tem (um pouco pelo menos).

Não só telejornais, mas filmes, e lembrei agora, como aquele “Jogos Mortais” (assisti ao primeiro e me bastou): não me conformo com o sucesso do filme, é sarcasmo e sadomasoquismo demais, pois não é só um filme de terror ou um suspense inteligente; não me conformo como há pessoas que a-d-o-r-a-m o filme! Aí eu acho que é prazer mórbido descabido, mesmo que seja na ficção.
Voltando. Há coisas que pelo simples fato de se saber a existência, já padece a alma, como é o caso do aborto e qualquer ato contra pessoas indefesas, especialmente crianças. Há os humanistas que se compadecem tanto, mas tanto, que pretendem eliminar sofrimentos causando outros e talvez perpétuos. Até a mitigação do sofrimento tem limite e há sofrimentos bons, como por exemplo o jejum. Bom, mas não é sobre o aborto ou o jejum que quero comentar, não hoje, ainda que o assunto aborto tenha rendido estes últimos dias e que o jejum esteja fora de moda.

O caso é daquela mãe que teve o filho recém-nascido roubado da maternidade, aqui no Paraná. Como mãe, sofri só de ler a notícia, ver a carinha do bebê no jronal, então... e eu aqui, longe e desconhecida da família, não podendo fazer nada... e para não permanecer apenas contemplando o sofrimento, o máximo que pude fazer foi uma oração (soube que na Canção Nova também rezaram o terço pela família). Adianta? Por e pela fé, sim. Li ontem no Evangelho Cotidiano um comentário de Santa Faustina, um desejo dela manifestada em oração:

se não me for possível praticar a misericórdia por atos, ou por palavras, sempre ao menos o posso fazer pela prece. E a minha oração leva-me a atingir mesmo onde já não posso chegar fisicamente.

Claro que Santa Faustina era uma serva de Deus. Não podendo a gente – eu – ser uma Santa Faustina, tomo-a como modelo neste seu desejo ou norte espiritual, o que não é nada impossível e fora de lógica, tomo como meu também dentro das minhas limitações pessoais.
Enfim, final feliz para a mãe, pai e bebê recém nascido em Apucarana: Deus é sempre misericordioso e a polícia foi eficiente e rápida. Ele lá e nós cá, encontrando-nos nos atos, palavras e na oração. 

*Quando reli o texto, percebi que usei o "provalecem". No RS era comum escutar (e levar uns pitos do pai) "provalecido". Achei engraçada a palavra e procurei no dicionário... o verbete não existe. Só no RS mesmo, atém em notícia do Zero Hora é usado. Não fui a fundo procurar a etimologia da palavra, mas o sentido é mais ou menos de "abusar", mas não é bem isso, é se aproveitar da fraqueza do outro, ou da oportunidade dada pelo outro, para próprios fins.Isto é o que eu entendo da palavra e a uso para este fim, mas obviamente podem discordar e me informar se houver outro significado.

domingo, 30 de maio de 2010

A tal lei da felicidade

Se a tal "lei do direito a felicidade" passar (é tão petéticamente romântica que corre o risco de ser aprovada mesmo), a Constituição Federal vai ficar mais bonita, quase um livro de poesia, o Estado terá que garantir o "ingarantível". Para cumprir - nem que seja no marketing - a demanda de felicidade, vai precisar muito mais burocratas, quem sabe aperfeiçoar a pesquisa do IBGE, etc, quem sabe até vai precisar de um Ministério da Felicidade (Santo Deus! a idéia não é minha, mas daquele ator que teve a infelicidade de ser traído - dizem as revistas de fofoca - pela (ex)esposa atriz). Se o Estado for feliz na sua tarefa, significará que algumas pessoas vão determinar o que é ser feliz e o precisamos para sermos felizes, independente da nossa vontade ou do que entendemos por felicidade. Ora, felicidade para mim e mais um montão de gente é ter menos Estado (outro montão de gente) se metendo a controlar o indivíduo e a sociedade, ou seja, é menos Estado (ter presença eficiente do Estado no que é essencial). Ou seja, para o Estado gerar felicidade a todos, será necessário menos Estado. Quanto mais agigantado o Estado, maiores as chances de infelicidade. E daí que em outros países existe direito a felicidade na constituição? Cada um no seu quadrado. E parece que a realidade do Brasil é botar tudo na conta do Estado, o grande pai dos bolsos falsamente cheios. Também parece que os artistas (especialmente os de tevê, notórios da grande massa) ganharam um status superior de importância e autoridade em assuntos dos mais diversos, daí que uma idéia idiota pode se passar por uma "brilhante idéia". Particularmente, prefiro artistas com idéias brilhantes nos seus respectivos meios, mas na sobra de artistas e na falta de palcos... E depois dizem por aí que é um projeto autônomo da sociedade civil... aham, sei. Por definição, não creio na autonomia de projetos tão coletivos assim. A sociedade civil tem mais o que fazer, tá correndo atrás de sobreviver e nas horas vagas quem sabe pensar na felicidade (quem pensa muito na felicidade não é feliz, ui!, ocorreu-me esta frase de auto-ajuda de cabeceira). Veio-me à memória que "Em busca da felicidade"é um bom filme para pensar no assunto (mas acho que para os burocratas-da-felicidade-alheia aquilo é a anti-felicidade, barbaridade). Em suma é o que todos os livros de auto-ajuda dizem, embora eu não os leia: a felicidade depende de você. Se o Estado (um montão de gente planejando burocraticamente sua felicidade!) não atrapalhar, tanto melhor.

domingo, 9 de maio de 2010

Ser Mãe...

Meu primeiro dia das mães... nunca imaginei quão importante seria esta data para mim.
Posso sentir e saber agora um pouco do que minha mãe sentiu e passou, mas (disse isso à ela) ela estará sempre na minha frente, quando eu sou mãe, ela é avó...
Tudo que descobri nesta missão de ser Mãe até agora, sintetizei em algumas frases (clica na figura para ampliar).

sábado, 1 de maio de 2010

Neste dia laico que virou sagrado...

Bem hoje que eu precisava sair para fazer umas comprinhas no comércio (aquecedor, máquina centrífuga de roupas, inalador, estas coisas que quase todo sulista precisa), é feriado de primeiro de maio, esta data laica que virou um dia sagrado... Eu tinha esquecido, também, tô de licença ainda. O ainda é importante, quando digo que estou em licença maternidade todo mundo se espanta, 7 meses, uau! Quase me sinto na Suécia. Taí, acho que no primeiro de maio deveriam pedir (já que é dia de pedir muitas coisas) 12 meses de licença maternidade para todas as mulheres, inscritas ou não na previdência... ah e daí vão lembrar que o INSS não suportaria, que muitas mulheres vão ter filhos adoidado (aham...) só para receber benefício, etc, etc. Claro que o Tesouro suporta, já suporta tantas políticas... (sem mais comentários), e depois o número de filhos por mulher está diminuindo - na verdade já é baixo, não há uma cultura pró-filhos (o carpe diem atual não contempla bambinos) e se é para ter filhos, logo pessoas, que sejam pessoas melhores colocados no mundo. Colocados mesmo: em vez de colocar o bichinho aos 4 meses numa creche (que dó!!! e eu quase não sou de ter pena), fica mais tempo com a mãe e vai mais tarde quando está mais preparado. Vi na tevê os sindicalistas (nos intervalos uma música duvidosa e uma apresentadora chata) pedem redução da jornada de 44 para 40 horas (desanimei, achei que fosse para 36h!) e mais direitos (não sei quais "mais direitos"), põe na pauta aí, licença maternidade de 12 meses companheiro!!! e sem esta história de deduzir do lucro, é benefício para todas as mães. Mais mães presentes com os filhos, mais chance de filhos melhores para o mundo. Que ironia, tem que começar a pedir o contrário, antigamente protestavam para que as mulheres pudessem trabalhar e agora tem que protestar para que possam ficar em casa cuidando do bebê por mais tempo. Eu sei, isso de ficar cuidando dos filhos em casa sendo bancada pelo Estado dá arrepio em alguns liberais e não sei se causa sensibilidade política para os adoradores do Estado-Pai. Ocorre que nem toda política, embora pareça anti-liberal (eu preciso aprender as novas regras do novo Português), é ruim sendo bancada pelo Estado (pelos contribuintes), há algumas políticas que o Estado, e não precisa ser um Estado assistencialista / populista para isso, precisará bancar, pois do contrário não há quem banque. Lógico que estou dizendo de uma forma geral e alguém poderia perguntar por que o Estado deveria bancar a licença maternidade maior para as mulheres. Por vários motivos, vamos ver se consigo sensibilizar com alguns (baseado no bom senso):
- 4 ou 6 meses ainda é pouco para um bebê ir para a creche, é muito pequeno, dependente da mãe e mais suscetível a viroses e doenças;
- a mãe precisa amamentar sua cria;
- atualmente as mulheres praticamente são obrigadas a trabalhar para ajudar no sustento da família, é preciso uma compensação para que possam parar de trabalhar sem que se prejudiquem financeiramente;
- filhos mais bem cuidados e por mais tempo, pessoas melhores (probabilidade);
- creches públicas há muitas crianças juntas e muitas vezes não têm estrutura; creches pagas são caras; nas duas o cuidado não é exclusivo, que psicologicamente é melhor para o bebê, e não têm a qualidade dos cuidados de uma mãe zelosa e carinhosa;
- só a mãe sabe como dói ver o bebê chorando sentindo sua falta, só a mãe sabe a saudade do seu filho tão pequeno, ainda tão dependente (ok, este item pode ser retirado, é demasiado emotivo, embora real).
Como isso ocorreria na prática eu não sei, os técnicos que pensem. E tem mulher que não aguenta ficar em casa cuidando do filho, pois se quiser que volte ao trabalho, ninguém vai obrigá-la a ficar na ma-ra-vi-lho-sa rotina de amamentar, trocar fralda, dar banho com produtos cheirosos, arrancar sorrisos, acompanhar etapas do crescimento e vibrar quando ele consegue pegar o pé, ajudá-lo a ficar sentado, fazer papinhas e comer o que sobra... (eu poderia elencar n situações aqui)
Se é dia para reivindicar direitos, reivindico o direito das mães poderem cuidar dos seus bebês e os filhos terem suas mães, ambos por mais tempo.
(Pensando bem issto é uma anti-política ou uma política politicamente incorreta e nenhum progressista vai propor uma coisa dessas que corre o risco de colocar mais gente no mundo e de deixar a mulher em casa como nos idos do patriarcado. Pensando bem, é uma política conservadora e conservadores não sobem no palanque no 1º de maio.)

domingo, 18 de abril de 2010

A piedade moderna e a prostituta


Melhor lhe seria que se lhe atasse em volta do pescoço uma pedra de moinho e que fosse lançado ao mar, do que levar para o mal a um só destes pequeninos. Tomai cuidado de vós mesmos. (São Lucas 17,2)

Pequena introdução: quando acontece um escândalo na Igreja (Católica) é como se queimasse a própria carne do Católico (não de todos, lógico, alguns até gostam!), de tanto que dói. Dói ver a própria Igreja ser tão machucada, vilipendiada, a partir de dentro. Por fora, já estamos acostumados a levar bordoada, a Igreja é atacada mesmo sem ter motivo algum, só pelo fato da sua milenar e inconveniente existência. Ponto, parágrafo.
A Igreja está combatendo a pedofilia do lado de dentro, purgando a própria carne, expondo-se como aquela prostituta que quase foi apedrejada. Não era para menos. E daí outros se preocupam com o... celibato, querem o fim do celibato! Sabe aquela coisa do quanto pior, melhor? Tem gente, católico inclusive, que espera o erro da prostituta com pedras nas mãos. Estivessem realmente preocupados com crianças e adolescentes, mas que!, desejam é a desmoralização total da Igreja. Estivessem realmente preocupados com crianças e adolescentes, iriam protestar também contra escolas, aliás, por que não pedem o fim das escolas?
E por acaso faz parte do perfil do pedófilos o celibato? Ah ta, considerando a cultura sexual atual, um casto só pode ser um complexado, um tarado em potencial... Digamos que a Igreja viesse a decretar o fim do celibato - e Ela pode por outros motivos - os iluminados passariam a defender a Igreja, a comungar da sua doutrina, a defender o Papa? Ora...! E por acaso o fim do celibato faria alguma diferença para os religiosos pedófilos? Por acaso o celibato não requer antes a castidade (que novidade, os Padres antes de celibatários devem ser castos!)? Se fosse o problema do celibato, por que Padres pedófilos não procuraram pessoas (eu ia dizer mulheres...) adultas? Ora...!
Arrisco-me aqui a colocar a questão num plano de lógica (a modernidade não parece gostar disso): a pedofilia não tem haver com o celibato, porque há outras formas de resolver este "probleminha" sem atentar contra um jovem ou uma criança, mesmo que atentando contra a castidade. Qual é o mal maior, visto que as duas coisas são más? Pecar contra a castidade é um pecado grave (para todos, não só para Padres), mas pecar contra a castidade E contra um ser inocente (os pequeninos) é muito pior, mas um pecado não condiciona o outro e o celibato não condiciona nenhum dos dois. O pecado contra a castidade é um problema individual (e bem fora de moda né); a pedofilia é imoral, um absurdo para mentes sadias e é crime.
Discutir o celibato, ou o fim dele, é desviar o assunto para macetar a Igreja no que é um dogma seu, portanto assunto exclusivo. Então, por que a "preocupação" dos não-católicos (ou anti-católicos)? É compreensível a preocupação - e a crítica, a exigência de explicações e prevenção - pública sobre os casos de pedofilia na Igreja, assim como é legítima a preocupação dos pais sobre este assunto no ambiente escolar. A Igreja está dando sua resposta, o Papa dando sua cara à tapa. Mas, não importa a resposta pública que a Igreja dê e como já disse com outras palavras, os iluministas modernos querem a cabeça da Igreja. Tais empresários da moral moderna teriam apedrejado a prostituta*, esta é a piedade moderna.

*eu li esta frase em algum lugar, achei adequada.

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Taí, gostaria de ver na imprensa uma pesquisa sobre o perfil - inclusive sexual - de um pedófilo. Como mãe, interessa-me. Qual o seu padrão, suas preferências? A forma de “ataque” já vi em reportagens diversas na tevê, mas não me recordo de informarem o perfil. Mas sem o ranço politicamente correto e histérico que atacou o Cardeal Bertone.

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Achei perfeita a expressão “empresários morais”, deste ótimo artigo aqui: O que está por trás dos escândalos

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A diferença de Pedofilia e Efebofilia

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Caminho para combater pedofilia – comentário do Pe. Paulo Ricardo

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Cem anos de Pedofilia – Olavo de Carvalho (um artigo de 2002!)

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Aproveitando o espaço, notícia bem interessante que saiu na Zenit (parece que não tem haver com o assunto, mas tem, já que quanto mais vulnerável o jovem/criança, mais fácil para um pedófilo): Pediatras americanos: “Não estimulem a confusão sexual entre os adolescentes”

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Para acabar citando um pedacinho do excelente artigo "A pobreza do mal" (da Dicta nº 4) que li ontem, não tem relação direta com o assunto do post, mas é adaptável:

"Ironicamente, contudo, o hábito de se enxergar pessoas como exemplos de abstrações políticas ao invés de se olhar para a sua realidade concreta como indivíduos foi uma das causas mais poderosas da assustadora violência política do século passado. Matar um inimigo em virtude da raça ou classe à qual pertence é mais fácil do que matar o Sr. Smith ou o Sr. Jones. A própria extensão do massacre servia para assegurar àqueles que o cometiam de que estavam a serviço de algum propósito mais elevado, pois, caso contrário, jamais teria sido levado a cabo."

sábado, 3 de abril de 2010

O Homem do Sudário


Foto de um dos painéis da exposição que explicava a coroa - na verdade um capacete - de espinhos colocada na cabeça de Jesus.


Um programa para a Páscoa em Curitiba: exposição “Quem é o Homem do Sudário”, com fotos,  explicações científicas e reprodução do sudário em tamanho natural e em holograma.
Muito bacana pelo conhecimento desta relíquia e também pela experiência de estar mais próximo do sacrifício de Jesus na Cruz.
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Muitos acham que a Sexta-feira Santa é um dia triste e não gostam deste dia e/ou não entendem como católicos lotam as Igrejas... serão os Cristãos uns sadomasoquistas? Claro que não. Este não é um dia de tristeza, mas de recolhimento, de reflexão, de se curvar diante de Jesus na Cruz. Não há ressurreição sem morte e viver a Páscoa é viver todo o Mistério Pascal, e não focar somente na Sexta-Feira Santa.
Lembro da frase do Papa Bento XVI quando ainda era Padre, citada no ótimo e didático Podcast pelo Pe. Paulo Ricardo: "Não tem direito de cantar aleluia na manhã de Páscoa aquele que não chorou seus pecados na sexta-feira Santa."
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Neste podcast o Padre Paulo Ricardo fala sobre a diferença do ano liturgico e do ano civil e de como participar bem da celebração do Tríduo Pascal. Vale a pena ouvir.
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Agora o que eu acho engraçado na na Sexta-Feira Santa é que o dia virou quase sinônimo de "bacalhau"; muitos não comem carne para fazer um prato com bacalhau, que é caro!, esvaziando todo o sentido da penitência. A pessoa não come um bife, um presunto, mas se empanturra de bacalhau (ou camarão, ou salmão, etc), acompanhado de cerveja ou vinho branco, e é a única "penitência" que faz, porque depois de toda comida fica difícil participar da Celebração da Cruz...

Era isso, feliz Páscoa!!!

sexta-feira, 26 de março de 2010

(In)coerências

Coerência não é tudo, eu sei, mas é um sinal. E lembrei de uma frase de Chesterton (que li não sei onde): "A razão tem sua origem em Deus, e quando as coisas não são razoáveis, então é porque há alguma coisa errada."
Quando, em nome da preservação da "mãe natureza", dizem que precisamos ter menos filhos (ou não tê-los) enquanto, em razão dos filhos futuros, radicalizam no discurso (se fosse só discurso...) ecochato, digo, ecológico.
Quando a cultura do "carpe diem"  diz que a pessoa deve aproveitar ao máximo o presente (em nome de si mesmo) e enquanto, em nome daquela "mãe natureza", deve pensar no futuro (sempre de forma radical).
Não é coisa de doido ou para deixar doido?
Aí tem este chocante e conhecido por "Caso Nardoni" que comove Brasil e meio (se não comovesse, seria o fim dos tempos mesmo), porque é justamente inadmissível, impensável, que pais joguem filhos pela janela, ou seja, que os matem.
Bom, considerando a premissa, o que dizer dos infantícido de índios que ocorre no Brasil? Ora, da mesma forma são crianças sendo mortas, enterradas vivas, e pior, por uma (falsa) idéia de "bem", de "cultura", do escambau, na compreensão de antropólogos e catrefa. O caso não é de escandalizar, de sair na imprensa, da Record ir in loco e fazer suas reportagens sentimental-sensacionalistas? Ou o escândalo, a comoção nacional, é característica do movimento de boiada?
Enquanto não sai na imprensa, aquela que atinge a massa, é possível saber do infanticídio dos pequenos índios nestes blogs aqui e aqui, e no site da ONG ATINI.
Ah, e por coerência, aborto é infanticídio.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Se é para ter dia da mulher...

Se é para ter dia da mulher, então que sejamos mulheres diferentes daquele tipo que feministas propagandeiam especialmente hoje.
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Ontem o Faustão, no seu programa, lembrou de algumas mulheres notáveis, entre elas Zilda Arns. Muito bem lembrado, a defensora pró-vida neste dia em que marchas mundias das mulheres carregam a bandeira abortista!
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Por que propaganda de algumas famosas lojas colocam mulheres semi-nuas para "comemorar" o dia da mulher???
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Ainda: recomendado assistir o vídeo do testemunho de Gloria Polo, a ex-feminista convertida que
"relatou o acidente que sofreu há 14 anos, quando foi atingida por um raio, tendo seu corpo queimado por dentro e por fora. Foi desenganada pelos médicos, que não acreditavam que ela pudesse sobreviver. Em sua partilha, Gloria afirma que, enquanto manteve-se inconsciente, teve um encontro com Jesus, dando início à sua conversão."
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O espelho para todas as mulheres: a Virgem Maria, a Nossa Senhora. Rogai por nós!


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

(Re)Aprendendo ou Para não dizer que não postei nada...

"paciência, essa forma cotidiana do amor."
Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI), do livro a "A Fé em Crise"
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Exercite a paciência, com amor (não como tolerância que beira à indiferença), você vai necessitar para quando tiver filhos. Mas também se você não exercitar antes, bom, você aprende na marra.
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Li o livro "50 Coisas que os Pais Nunca Devem Dizer aos Filhos" (Antonio Siqueira) e o que mais me chamou atenção é a recomendação que o autor faz de separamos o erro cometido pelo filho da pessoa do filho, ou seja, quando se vai chamar atenção da criança, concentrar-se na situação, na falha. É o que a Igreja diz repetidamente: amar o pecador, não o seu pecado. Não é fácil, na prática é mais fácil caracterizar a pessoa com algum adjetivo negativo ou pejorativo, dos muitos que já estão gravados na mente, em vez de mostrar o erro, dizer que é errado e o motivo.
*
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Um pouco sobre a morte

A gente não costuma pensar sobre a morte. Jesus Cristo venceu a morte e os tempos modernos (ou pós-modernos, sei lá) também, porque as gentes "de hoje", as mais "evoluídas da história", têm a ciência, tecnologia, remédios, vacinas, a estética, etc, etc, que se não fossem os acidentes de trânsito e a violência, a gente nem se lembraria dela. De repente um tio velho morreria e o jovem - de 40, 50 anos - perguntaria "tio quem?" "ah, coitado", sem lágrimas, já que a idéia de morte é reservada aos velhos e seria mais racional, nem comoveria mais. Daí que qualquer situação mais complicada, ou menos até, uma gripinha, apavora; a coragem espiritual é uma virtude que falta ao homem moderno.
Estou pensando agora que se a vida é um dom, a morte também (a morte depois de Jesus Cristo), já pensou viver sem poder retornar para o Criador? Se a ordem atual é o carpe diem, a morte deveria ser lembrada de vez em quando, independente da idade, pois já dizem por aí que viver é arriscado ou correr riscos e é mesmo. Já pensou se a morte pega o espírito de surpresa, desprevenido, sem ao menos ter rezado uma Ave Maria, sem ao menos estar com o perdão em dia?
Padre Paulo Ricardo, numa de suas pregações, recomenda refletir sobre a morte. Mas, mas, mas, (digo eu) pensar na morte não num sentido mórbido, de góticos adoradores de cemitérios, ao contrário, para louvar o dom da vida, louvar o Criador e viver seu mandamento maior de amar ao próximo, o que é bem diferente da cultura do carpe diem: "Aquele que tentar salvar a sua vida, perdê-la-á. Aquele que a perder, por minha causa, reencontrá-la-á." (Mt 10,39).
Confesso que não costumo refletir muito sobre o assunto, mais no dia dos finados e quando falece um conhecido ou alguém que nem se imagina que vá morrer (é engraçado isso, tem pessoas que parecem ser imortais, por exemplo o Michael Jackson e a Hebe Camargo, que é bom lembrar, não morreu).
Pensei em escrever brevemente sobre o assunto, pois faleceu um Padre muito querido (ok, e bastante desdenhado também, era contudente nas pregações), de quem gostava muito e era amigo da família, realizou meu casamento, me deu alguns conselhos e me abençoou antes do parto. E teve uma morte meio banal, um acidente doméstico, não que um Padre tenha uma morte especial, é para lembrar que a morte está a espreita e a gente não sabe, nem imagina, como e quando.
A morte é uma passagem necessária para voltarmos a Deus, mas não deixa de causar tristeza, é humano. Era isso.
Pe. Idenando Ramos Sobrinho, descanse no Pai.

"Como o tempo é precioso! Felizes os que sabem aproveitá-lo bem, porque todos deverão prestar contas detalhadas de seu tempo no dia do juízo final. Se todos chegassem a compreender a preciosidade do tempo, certamente cada um se esforçaria ao máximo em usá-lo com sabedoria!" (Padre Pio de Pietrelcina)