quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Percepção da realidade e jogo político

Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma. (I Coríntios 6, 12)


Como se nota, nem falo sobre as eleições e política aqui, dá uma preguiça. E agora não pretendo me estender sobre isso. Minhas impressões é que há uma inversão em massa da realidade. Ontem via o programa "A Liga" na Band (o programa até que é interessante, mas o objetivo não entendi ainda, às vezes acho que eles jogam os assuntos e... e daí? e daí nada, fica por isso mesmo), a reportagem era sobre drogas, peguei a parte final. Sem entrar no assunto, um usuário de "doce" - LSD ou "bala" - ecstazy (ou é o contrário) dizia que usava para sair da realidade. Convenço-me de que é isso mesmo, fuga: do tédio, da apatia, das responsabilidades, da falta de outros prazeres saudáveis, do vazio, da falta de criatividade, das durezas cotidianas, etc. 
Pura abstração, ilusão. É isso, as pessoas se pudessem fugiriam da realidade - qualquer uma que fosse opressora da alma (uma mansão por exemplo pode ser opressora!) para um lugar muito mais confortável e perfeito. Fugir da realidade é uma tentação do espírito, creio eu, tenta qualquer pessoa e tenta mais aquela que reconhece a tentação. Quantas vezes desejei sumir? Graças a Deus não temos este poder tão facilmente. Uma amiga disse certa vez, acho que era num momento meio difícil, para sumir, dar um tempo e depois voltar, que isso até era normal no país em que ela estava; era (e é) um conselho muito estranho, embora pragmático. 
Quantas vezes em determinados momentos o pensamento cria uma realidade paralela na mente? Não estou falando de pensar em coisas diferentes, imaginar, mas de um tipo de pensamento viciante, até o ponto de não se conseguir controlar, de não conseguir enxergar mais a própria vida sem uma vida paralela em pensamento. Os psicólogos devem ter uma explicação para isso, mas é extremamente prejudicial espiritualmente falando, creio eu. E acredito que o melhor lugar para se encontrar ainda é a realidade (não me recordo agora quem disse algo que me inspirou este pensamento). Lembrei-me aqui de Victor Frankl e seu livro "Em Busca de Sentido"
Eu creio que o sentido da vida está na percepção da realidade e creio que Deus está presente na realidade. Pensando bem, nem para rezar a gente se afasta da realidade, mas se eleva ou se coloca a alma e tudo mais diante de Deus. 
E qual a relação de tudo isso com a política? A política é uma parte da realidade, aliás quase todo o cenário hoje é centrado nas eleições e não há como apreender totalmente a verdade nestas veredas, e como não dá! Mas é possível usar de princípios e valores éticos e morais como um norte; é possível tentar compreender o jogo e suas regras e neste campo nem precisa usar argumentos que alguns diriam, com boquinha de nojo,  "religiosos". 
Quando as pessoas acham normal o jogo sujo, o golpe baixo no jogo político; quando as pessoas consideram uma encheção-de-saco a reclamação da vítima (no caso das violações de dados sigilosos para uso em dossiês); quando é considerado como atitude crítica o Presidente expressar que um partido de oposição seja "extirpado" da política... Ora, os fatos, as falas, tudo está posto, mal-e-mal como diziam os antigos, mas é possível vislumbrar que há uma realidade posta e a realidade distorcida e logo massificada pela ordem da vez: a popularidade que permite. Se você ousar criticar o popular-dos-populares, logo se sentirá um E.T, no mínimo será classificado como da oposição, não importa se você busca a verdade tão somente. 
Lembro das minhas frases prediletas da Bíblia  "Tudo me é permitido, mas nem tudo convém." O popular diria "Tudo posso quando tudo me convém". Inclusive confundir a realidade para conquistar cada vez mais poder, um poder que quer hegemonia.
Era isso.

2 comentários:

Anônimo disse...

LELE,
Também fico "macunaímicamente" inclinado a tocar nesse tema, mas quando vejo a esquerda histórica reunida em torno da d´Ilma, dá-me uma vontade férrea de dizer DilmaNão! Viu o Boff e seus jargões lá... O milagre dele atende pelo nome santo-marxista de Niemeyer. Durma-se com um barulho desses!
Renovada amizade,
Beto.
P.S.: Uma curiosidade: as letras que me mandam verificar esse texto são/foram "subver..." (sintomático?!)

Ale Costa disse...

Ótima postagem...