domingo, 29 de abril de 2007

“A cidade perdida”

Um filme que passou e passa despercebido no Brasil. Na locadora estava classificado como um filme de “aventura”. Bem, não deixa de ser também. História, desde Batista até pós revolução, Andy Garcia charmoso-meio-estrábico, misturado com rcomance. No final a mocinha... bem, vejam o filme para ver com quem fica a mocinha, se com Fidel ou com seu amor. O final de Fidel não tem novidade nenhuma, no filme e até o momento.

terça-feira, 24 de abril de 2007

Descobrindo a América

De uns tempos para cá venho cada vez mais descobrindo [pode não ser uma grande descoberta universal, aliás não é, mas é pessoal] que um grande dilema humano [digamos assim] não é ser de direita ou de esquerda. Isso é uma característica política, que não raramente sobressai a qualquer outra, como uma divisão radical e definitiva, o que eu acho ruim. Ruim porque, mesmo o fator política sendo importante, não creio que seja a principal ou a única, mas que deriva de um estado de princípios e valores. Ou, resumindo, a política não está acima de tudo. Ou a carroça não pode estar à frente dos bois. Eis a descoberta pessoal! É de uma obviedade ululante [Nelson Rodrigues]. É até risível. Mas se a política não a mais importante, então o que é? Não sei. Eu só sei o que é mais importante para mim, minha família e olha lá. Esclarecendo que isso não é o mesmo que viver alienado de uma tal sociedade, muito pelo contrário, é preciso vigiar.
Então. Depois que eu “descobri a América”, percebi que um grande dilema humano, no meio de tantos, é o conflito entre o individual e o coletivo. Talvez não seja primeiramente e necessariamente um conflito, ou passa a ser um conflito quando estimulado... E não num sentido de propriedade, de bens, mas em todos os sentidos, especialmente os de consciência e pensamento, que acredito preceda os demais. Percebo que há pressão da coletividade sobre o indivíduo. Não que um indivíduo não possa pensar na coletividade, mas isso é diferente de pensar com a coletividade ou pensar em coletivo. Quando se é primeiramente indivíduo é possível chegar à coletividade, por exercício das virtudes, dos princípios e valores morais, mesmo quando o individuo precisa se negar em favor do outro. E é preciso um ambiente de liberdade para isso. O contrário é a supressão do indivíduo, de sua liberdade e a sua morte gradual [morte não necessariamente física, mas mental]. Uma vida de gado, vazia, mas preenchida pelas benesses do dinheiro.
Não se trata de colocar o individual x coletivo. Quando o individual é assegurado, a coletividade não perde. É o óbvio difícil de ver, entender e explicar. É o que penso como indivíduo. Como indivíduo vou “descobrindo Américas”.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Toda manhã na sociedade civil desorganizada

Toda manhã eu pego o ônibus para trabalhar, exceto sábados, domingos e feriados, e, exceção à exceção é quando tem bastante trabalho elevado ao cubo, normalmente naquela época em que muitos brasileiros acreditam que o Brasil não trabalha, enquanto a maioria dos brasileiros não param e acreditam que deveriam parar, essa época que termina na outra segunda-feira depois da quarta-feira de cinzas mais um mês. Ufa! A razoável normalidade volta, ora ora que ironia, em primeiro de abril.
Toda manhã eu pego o ônibus... “Todo dia ela faz tudo sempre igual..” lembrei daquela música bacana do Chico Buarque (é dele? não sou fã nem bem informada hehe), que esteve aqui fazendo show por esses dias. Olha, podem me chamar de ignorante, mas eu nunca fui muito assim-assim com o Chico Buarque. Gosto das músicas, mas simplesmente não consigo achar tudo isso (tudo isso que as mulheres, e homens também, suspiram) dele para pagar uma bagatela de até R$ 280,00 por um ingressinho no Teatro Guaíra. No meio do show poderia me lembrar que o patrocínio, pela TIM se diga de passagem, pode ser uma isenção de tributo, e o Teatro é do Governo do Estado do Paraná, e mesmo assim o preço é este. Aí eu estragaria meu show por ser acometida de uma espécie de ressentimento dos sem-chico-buarque ou então por politizar o que nem precisa ser politizado, afinal, qual o problema dos Patrocínios? Nenhum, quase, quase. É que também não consigo esquecer que o charmoso Chico desdenha o capitalismo que o patrocina e que baba no seu show. E não baba? Até eu babaria. E eu li num artigo que ele “impávido e elegante” “mal conversa com a platéia” “O próprio clima do espetáculo recolocava os hormônios em paz sem que o artista precisasse gritar de volta: “feche as pernas e preste atenção, vagabunda!”.” Tem gente que vê nisso elegância. Ou exultação à obra e menos à pessoa. Pode ser. Pode ser desdém mesmo, o preço do ingresso também pode ser uma forma de tributar mais um pouco os capitalistas baba-ovos.
(Ressalva: Não, não disse que Chico Buarque não deva ser Patrocinado, nem nada. Na pior das comparações, melhor patrocinar a ele que, sei lá, Tati Quebra-Barraco em turnê pela Europa. Também nem todos da platéia são capitalista baba-ovos, alguns são só baba-ovos hehe não falei de forma enfática, mas geral. Outros são estudantes baba-ovos beneficiados pela meia entrada. Sabe, no rol das coisas que não gosto, está aí mais um item: a meia entrada para estudantes. Um dia quem sabe explique, agora não dá o post está ficando enorme.).
Então, toda manhã de segunda à sexta-feira eu pego ônibus para trabalhar. E no caminho tinha uma pedreira (ai que trocadilho tosco), e o itinerário se alongou dez minutos. Dez! Os atrasados devem me entender! Depois fiquei sabendo que era alguma manifestação da Emenda 3 que prejudicou o trânsito. Se fosse a “sociedade civil desorganizada” na defesa da emenda não me importaria, meu atraso seria uma colaboração: Desculpe meu atraso, participava indiretamente de manifestação pela Emenda 3!
O protesto era a contra à emenda. Certo, todo mundo pode protestar e defender idéias, faz parte do jogo democrático, etc e tal. A sociedade civil desorganizada decerto nem sabe direito da tal emenda, tem mais que sair, pegar ônibus e trânsito e trabalhar, quem poderia ser organizado com esses obstáculos?
Bem, o protesto é uma campanha liderada pela CUT, que teve apoio de sindicatos à professores e ampla divulgação na rede de tevê Requião, ops, estadual Paraná Educativa. O Governador deu todo apoio ao veto (e assim foi criado o “Comitê de Mobilização com representantes do governo, sindicalistas e representantes dos movimentos sociais”). Na tevê, o espaço aos sindicalistas que entre umas e outras (declarações) saíram como estas "A emenda 3 é o ponta pé inicial para uma reforma trabalhista camuflada que atente exclusivamente os patrões e seus interesses de maior lucratividade", argumenta Marisa Stedile, presidente do sindicato. "Os trabalhadores serão os principais prejudicados, pois correm o risco de perder direitos adquiridos, como licença maternidade, férias, 13º salário ou Fundo de Garantia", completa." As fotos do protesto.
Eu sou mesmo por demais desconfiada, como uma boa capricorniana. Ainda mais com a combinação comitê + mobilização + representantes do governo + sindicalistas + “movimentos sociais”. Quanta organização! Quanto interesse! E quanto sofisma! Eu não pretendo discutir aqui os argumentos no mínimo desonestos, há gente muito mais gabaritada para isso. Só digo que, se é para escolher um lado, eu fico a favor da Emenda. Dos desorganizados. Também porque saí do cabresto, por livre e espontânea vontade, dos “benefícios” trabalhistas que dizem defender, e estou fora do âmbito de sindicados, ó glória! E isso dentro da legalidade. Se por acaso tiver que voltar à condição anterior, paciência, nem assim serei mais simpática aos "camaradas". O que querem os auspiciosos organizados senão meter o cabresto sindicalista nos que ainda têm uma opção liberal e legal (há exceções, claro) para continuarem trabalhando não menos arduamente? Se não for isso de verdade, então o que é?
Não obrigada, eu não quero um sindicato para chamar de meu. Só quero pegar o ônibus toda manhã, exceto sábados, domingos e feriados, e se nada atrapalhar o trânsito, chegar mais ou menos no horário, que não me preocupo mais com cartão ponto, como uma reles civil da sociedade desorganizada, que às vezes baba-ovo por alguma música do Chico Buarque.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Lógica brasileira

“...a vaga da UTI não salva...”
Não estava dando pelota para a tevê, mas me chamou atenção essa frase de um homem dando entrevista sobre a falta de vagas em hospitais, acho que em Cascavel. Faltam vagas? Ah mas a UTI não salva, logo para quê aumento das vagas? E o homem ainda pediu ajuda da população, não disse que tipo de ajuda. Vamos ajudar gente, que mania vocês têm de ficarem doentes ou de se acidentarem hein!

*

Especialistas descobriam que peixe faz muito bem para a saúde.
O brasileiro come pouco peixe.
LOGO o Governo vai criar uma política pública para aumentar o consumo de peixe.
Sem comentários. Só me lembrei daquela piadinha “Deus é amor, o amor é cego, Stevie Wonder...”

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Voltas

Curitiba voltou a ser Curitiba, clima agradável de quase friozinho, graças a Deus, não agüentava mais aquele calorão (sim teve gente que acreditava ser já o efeito do aquecimento global!). Não entrarei em polêmica por hoje, que é tempo Cristão de voltar a si próprio e, especialmente hoje (quinta) a domingo, aos ritos da Igreja. Sim caro Católico, tem que ir os quatro dias na Igreja, não só no domingo ou na sexta! É, tem gente que não se lembra disso...
Há algum tempo decidimos: não viajamos na Páscoa, por ser praticamente impossível (dependendo da viagem) conciliar os ritos e a necessidade de interiorização com a viagem e o tempo em arrumação da parafernália, etc, etc. Esta Páscoa está sendo especial, estamos voltando ao ritmo mais ou menos normal depois de uma longa quaresma que começou bem antes, mas não estávamos só no deserto (a vida não parece um deserto?).
[interrompendo o texto para terminar de limpar a cozinha, tomar banho e sair para a Missa]
Voltei. E não me recordo o que escreveria. Na verdade nem tinha uma previsão para o que viria em seguida, mas já perdi “o fio da meada”, como se diz.
A Missa foi de espiritualidade sublime! Durante a Missa percebi algo diferente, como se fosse perceptível, estivesse no ar. Não é possível explicar e mesmo compreender sem que se tenha vivido a experiência. Depois o pai veio falar “A Missa estava diferente hoje, vocês sentiram?”. O “Católico” que acha este rito muito chato, talvez precise voltar e prestar atenção, meditar os momentos e sentidos do rito (aliás isso vale para toda Missa), onde o momento mais importante é a Comunhão, que lá na Paróquia é dada nas Duas Espécies.
Eu já achei uma chatice, depois voltei para onde nunca havia me afastado de verdade, mas que também não ousava chegar mais próximo. É bom ter para onde voltar, ou parar, no meio do deserto.
Tá, e Curitiba? Buzinas em comemoração a algum jogo no meio dos cânticos. Normal, é da cidade. Ah, noite fria e garoa fina. Uma delícia.
Boa Páscoa!