terça-feira, 24 de abril de 2007

Descobrindo a América

De uns tempos para cá venho cada vez mais descobrindo [pode não ser uma grande descoberta universal, aliás não é, mas é pessoal] que um grande dilema humano [digamos assim] não é ser de direita ou de esquerda. Isso é uma característica política, que não raramente sobressai a qualquer outra, como uma divisão radical e definitiva, o que eu acho ruim. Ruim porque, mesmo o fator política sendo importante, não creio que seja a principal ou a única, mas que deriva de um estado de princípios e valores. Ou, resumindo, a política não está acima de tudo. Ou a carroça não pode estar à frente dos bois. Eis a descoberta pessoal! É de uma obviedade ululante [Nelson Rodrigues]. É até risível. Mas se a política não a mais importante, então o que é? Não sei. Eu só sei o que é mais importante para mim, minha família e olha lá. Esclarecendo que isso não é o mesmo que viver alienado de uma tal sociedade, muito pelo contrário, é preciso vigiar.
Então. Depois que eu “descobri a América”, percebi que um grande dilema humano, no meio de tantos, é o conflito entre o individual e o coletivo. Talvez não seja primeiramente e necessariamente um conflito, ou passa a ser um conflito quando estimulado... E não num sentido de propriedade, de bens, mas em todos os sentidos, especialmente os de consciência e pensamento, que acredito preceda os demais. Percebo que há pressão da coletividade sobre o indivíduo. Não que um indivíduo não possa pensar na coletividade, mas isso é diferente de pensar com a coletividade ou pensar em coletivo. Quando se é primeiramente indivíduo é possível chegar à coletividade, por exercício das virtudes, dos princípios e valores morais, mesmo quando o individuo precisa se negar em favor do outro. E é preciso um ambiente de liberdade para isso. O contrário é a supressão do indivíduo, de sua liberdade e a sua morte gradual [morte não necessariamente física, mas mental]. Uma vida de gado, vazia, mas preenchida pelas benesses do dinheiro.
Não se trata de colocar o individual x coletivo. Quando o individual é assegurado, a coletividade não perde. É o óbvio difícil de ver, entender e explicar. É o que penso como indivíduo. Como indivíduo vou “descobrindo Américas”.

2 comentários:

Anônimo disse...

Baita dilema. Mesmo. Por um lado, simpatizo com as posições da esquerda, mas pouco com os esquerdistas. Sinto que eles, por mais que neguem, vivem num coletivismo meio autoritário – de idéias, de valores. Por outro, gosto de algumas pessoas de direita e das que fazer defesa do individuo. Porém, a ideologia geral não me agrada muito. Isso pode ser resultado da propaganda anti-direita. Quem no Brasil se diria de direita, não? São poucos. É um problema. Tipo, penso nesse assunto há uns seis anos. E ainda não faço idéia de que lado estou. Posicionamento? Acho que só depois dos 30. Ótimo blog. =)

Lelê Carabina disse...

Obrigada João. Eu não gosto dessa rotulagem direita, esquerda... pode ser a posição política, mas não é tudo. Atualmente, considerando os princípios, valores, etc, os quais acredito, seria logo taxada "de direita", ou reacionária, um estigma de tudo de ruim que a direita possa ter feito... Nelson Rodrigues já disse [algo como] que o Brasileiro é capaz das piores atrocidades para não ser taxado de reacionário. Abs.