De uns tempos para cá venho cada vez mais descobrindo [pode não ser uma grande descoberta universal, aliás não é, mas é pessoal] que um grande dilema humano [digamos assim] não é ser de direita ou de esquerda. Isso é uma característica política, que não raramente sobressai a qualquer outra, como uma divisão radical e definitiva, o que eu acho ruim. Ruim porque, mesmo o fator política sendo importante, não creio que seja a principal ou a única, mas que deriva de um estado de princípios e valores. Ou, resumindo, a política não está acima de tudo. Ou a carroça não pode estar à frente dos bois. Eis a descoberta pessoal! É de uma obviedade ululante [Nelson Rodrigues]. É até risível. Mas se a política não a mais importante, então o que é? Não sei. Eu só sei o que é mais importante para mim, minha família e olha lá. Esclarecendo que isso não é o mesmo que viver alienado de uma tal sociedade, muito pelo contrário, é preciso vigiar.
Então. Depois que eu “descobri a América”, percebi que um grande dilema humano, no meio de tantos, é o conflito entre o individual e o coletivo. Talvez não seja primeiramente e necessariamente um conflito, ou passa a ser um conflito quando estimulado... E não num sentido de propriedade, de bens, mas em todos os sentidos, especialmente os de consciência e pensamento, que acredito preceda os demais. Percebo que há pressão da coletividade sobre o indivíduo. Não que um indivíduo não possa pensar na coletividade, mas isso é diferente de pensar com a coletividade ou pensar em coletivo. Quando se é primeiramente indivíduo é possível chegar à coletividade, por exercício das virtudes, dos princípios e valores morais, mesmo quando o individuo precisa se negar em favor do outro. E é preciso um ambiente de liberdade para isso. O contrário é a supressão do indivíduo, de sua liberdade e a sua morte gradual [morte não necessariamente física, mas mental]. Uma vida de gado, vazia, mas preenchida pelas benesses do dinheiro.
Não se trata de colocar o individual x coletivo. Quando o individual é assegurado, a coletividade não perde. É o óbvio difícil de ver, entender e explicar. É o que penso como indivíduo. Como indivíduo vou “descobrindo Américas”.
2 comentários:
Baita dilema. Mesmo. Por um lado, simpatizo com as posições da esquerda, mas pouco com os esquerdistas. Sinto que eles, por mais que neguem, vivem num coletivismo meio autoritário – de idéias, de valores. Por outro, gosto de algumas pessoas de direita e das que fazer defesa do individuo. Porém, a ideologia geral não me agrada muito. Isso pode ser resultado da propaganda anti-direita. Quem no Brasil se diria de direita, não? São poucos. É um problema. Tipo, penso nesse assunto há uns seis anos. E ainda não faço idéia de que lado estou. Posicionamento? Acho que só depois dos 30. Ótimo blog. =)
Obrigada João. Eu não gosto dessa rotulagem direita, esquerda... pode ser a posição política, mas não é tudo. Atualmente, considerando os princípios, valores, etc, os quais acredito, seria logo taxada "de direita", ou reacionária, um estigma de tudo de ruim que a direita possa ter feito... Nelson Rodrigues já disse [algo como] que o Brasileiro é capaz das piores atrocidades para não ser taxado de reacionário. Abs.
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