terça-feira, 14 de maio de 2013

Hormônios e sofrimento

Hormônios fazem uma mulher. De repente o mundo está caindo e é só uma rebelião hormonal. De repente você está animadíssima e compra um sapato oncinha com rosa pink, ou coisa assim, do qual se arrependerá logo que chegar a TPM. Em casos extremos, procure um médico, muitas vezes o negocio se resolve com um exame de sangue, se não for bipolaridade! No mais das vezes, a mulher é naturalmente assim mesmo, feita de hormônios, sentimentos e queda por sapatos, entre outras coisas.
Se a mulher é uma combinação hormonal, no pós-parto (e até bem depois), isto fica ainda mais evidente. E tudo o que passa despercebido às demais, numa mulher de pós-parto, cuja sensibilidade está aflorada, pode ser algo bombástico, depressivo, etc. Não que seus hormônios sejam uma justificativa, mas parte de uma explicação (porque nem tudo é hormonal né).
Comecei aparentemente bem humorada, mas nem era isto que ia dizer. E nisso me lembra as crônicas de Nelson Rodrigues, que começava com um assunto e enveredava em outro. Eu queria escrever sobre uma coisa bem triste: o sofrimento.
Uma pergunta que eu guardo no coração para humildemente levar a Deus é por que há tanto sofrimento sem sentido aparente. Semana passada morreu, no meu condomínio, um bebezinho de 3 meses; os comentários é que havia se afogado no berço e quando a mãe foi ver, já estava falecido. Nesta fase em que estou - com um bebê de 4 meses em casa é fácil me colocar no lugar da mãe - fiquei muito impressionada com o ocorrido, demais, como se pudesse sentir a dor desta mãe, logo poucos dias antes do dia das mães.
(peraí que vou lá espiar minha bebê no berço)
Sim, existir também é vivenciar sofrimentos, mas há sofrimentos absurdos, como a morte deste bebezinho! Por que, para que meu Deus? Neste momento que pode ocorrer o afastamento de Deus, e creio que afastar-se de Deus é pior, já que ninguém poderá dar esta resposta senão Ele, de resto todo mais é vazio ou incompleto. Acredito que tudo tem um sentido na vida, até (talvez, sobretudo) o sofrimento. Sem sentido, só há escuridão, desesperança.
Obviamente a morte absurda do bebezinho não carece de explicação hormonal para chocar, ocorre que, no meu caso os hormônios só fazem extrapolar ainda mais os sentimentos e os questionamentos aguçados por esta sensibilidade, numa seara humana onde as reações físicas, o psíquico e o espiritual se embrenham. Ou seja, sofreria normalmente, mas nesta fase hormonal, sofro mais ainda, por mais tempo. Hoje deitei do lado da minha bebê que dormia e pensei de novo no sofrimento daquela mãe, nas lembranças que ela não terá, nos momentos que não viverá.
Por que, para que? Deus há de entender os questionamentos demasiadamente humanos...
Acredito que a busca pelo sentido do sofrimento é um bater de frente que no fim faz bem à alma, embora muitas perguntas fiquem sem resposta pelo caminho.

sábado, 11 de maio de 2013

Antes e depois de ser mãe

Antes de ser mãe, eu achava um certo exagero as mensagens e o dito que ser mãe mudava tudo. Achava a data comercial demais. E eu estava enganada, redondamente enganada: há o apelo comercial, mas não há exagero e sobretudo mudamos mesmo! Mudamos as prioridades e em muito a perspectiva de mundo. O que antes era, pode já não ser. O que antes se acreditava, era só idéia que se dissolve diante da realidade materna. O que se desacreditou, voltou com força, como raízes profundamente fincadas. E os traumas que pareciam superados, revelam-se como novos desafios de superação pessoal. Antes eu achava que ser mãe era como um "acidente de percurso", mas é inexplicavelmente mais que isso: é bem, é bom e é belo.

O mundo não é bão, Sebastião!

Na última viagem em que fizemos de carro, várias paradas em banheiros de postos de combustível e de restaurantes de beira de estrada. Em todas, tinha a mesma preocupação de entrar sozinha num banheiro solitário e ser atacada por um tarado. Coitado do marido que ficava de olho nas crias e na mulher! Que tempos, que sensação de insegurança, e nem é síndrome do pânico!

Numa das paradas, chamou-me a atenção a notícia da mulher estuprada dentro de um ônibus, à vista de todos... que tempos! Primeiramente, eu sei, eu sei que falar depois do ocorrido e de longe é fácil. Ocorre que vendo a notícia e sendo mulher, não tem como não ficar estarrecida não somente diante da crueldade, mas do fato de que ninguém tentou defender a mulher (pelo menos não foi noticiado se houve tentativa de), talvez todos tenham ficados tão estarrecidos quanto os telespectadores, e por isso paralisados, talvez. Será que diante da maldade é só o que sabemos fazer, ficar estarrecidos, indignados, enfiar o medo entre as pernas e paralisar como uma forma de defesa? Cadê a coragem masculina que um dia defendia os frágeis?

Passam pela cabeça muitas perguntas: para onde caminha a humanidade? Por que tanta crueldade? Onde foi parar a coragem? Vamos virando um bando de cagões?

O mundo não é bão, Sebastião!