quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Mundinho

Não fiz nenhuma promessa de ano novo. Aliás, se tem coisa que eu não costumo fazer é promessa, talvez seja questão de gosto, a única séria que fiz foi no altar tendo o Padre como testemunha, e olha, tô cumprindo. De resto, fazer promessa para mim mesma é dedicar um sacrifício a algum santo do pau oco e é bem provável que não cumpre, já que o “santo” não vai ajudar neste caso. Talvez seja esta personalidade pragmática, de fazer na hora, de desejar ver os resultados já. E já queimei a língua por querer comer quente. Ou errar um trabalho por não conseguir esperar secar a tinta, pela ansiedade de vê-lo pronto (uma das minhas distrações é fazer artesanato, pintar e fazer decoupagem em caixas de mdf, o que me ajuda a domar a ansiedade e normalmente gosto muito do resultado).
Por conta da ânsia de querer agarrar os momentos com os braços, de respirá-los todos até ficar sufocada, eu não me importava em levantar cedo (noutros dias me importo), cedo mesmo, para tomar café rápido, escovar os dentes e passar protetor solar rápido, tudo rápido, só para andar, andar e andar na praia e passar o dia inteiro de frente para o mar sem enjoar de ver a paisagem. Eu queria guardar toda paisagem de volta da serra de Santa Catarina na câmera, mas era impossível congelar aquele quadro pintado por Deus, teria que ser uma máquina 3D ou coisa mais modernosa, e nem assim... e eu ficava ansiosa e queria guardar tudo na mente. E agora voltei de um passeio de bicicleta, nova que nos presenteamos no natal, há quanto tempo não andava?, tive medo de não saber mais pedalar (e eu sei ainda). E fiquei me sentindo quando criança ao ganhar aquela bici amarela; eu queria engolir o ar enquanto corria contra o vento, agora adulta com 30 anos completos há quatro dias.
Mas acontecem coisas no mundo que fazem meu mundinho medíocre. Aqui no Brasil, lá no oriente em Israel. Meu Deus. A guerra já é por si horrorosa, mas às vezes não há saída, às vezes é preciso ir para a guerra para não morrer. A morte de inocentes é horrível. Mas o que é mais chocante é a loucura dos motivos, se é que se pode chamar de motivos, dos terroristas do Hamas, convicção cega nos seus objetivos, covardes ao usar crianças na sua propaganda. Mais apavorante que as bombas, é a loucura de parte da mídia, da ONU, da opinião de muita gente, o escambau, ao se colocarem ao lado do terrorismo (o que e não chamam de terrorismo), de concordar com os “fundamentos” terroristas, mesmo que não declaradamente. É evidente que é uma loucura coletiva, no entanto todos parecem pessoas do bem e de bom senso, o que na verdade são de consenso: os iluminados concordam com a loucura uns dos outros, independente da coisa ser verdade ou mentira ou ainda algo confuso. Reinaldo Azevedo no seu blog está denunciando com insistência e clareza esta arena de horrores reais e os intelectuais.
Orar e vigiar, disse Jesus Cristo: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca.” (Mt 26, 41). A advertência também serve para a tentação da loucura e a mente é tão fraca quanto a carne.
É preciso cuidar dos mundinhos (ditos insignificantes), é lá que vivem as pessoas, onde elas se relacionam, amam e andam de bicicleta. Um mundinho protegido por Deus, e que desejamos esta proteção, conserva-nos de ficar loucos; mas é preciso da graça de Deus e a sanidade dos homens de boa vontade.
Obrigado meu Deus por este meu mundinho!