sábado, 1 de maio de 2010

Neste dia laico que virou sagrado...

Bem hoje que eu precisava sair para fazer umas comprinhas no comércio (aquecedor, máquina centrífuga de roupas, inalador, estas coisas que quase todo sulista precisa), é feriado de primeiro de maio, esta data laica que virou um dia sagrado... Eu tinha esquecido, também, tô de licença ainda. O ainda é importante, quando digo que estou em licença maternidade todo mundo se espanta, 7 meses, uau! Quase me sinto na Suécia. Taí, acho que no primeiro de maio deveriam pedir (já que é dia de pedir muitas coisas) 12 meses de licença maternidade para todas as mulheres, inscritas ou não na previdência... ah e daí vão lembrar que o INSS não suportaria, que muitas mulheres vão ter filhos adoidado (aham...) só para receber benefício, etc, etc. Claro que o Tesouro suporta, já suporta tantas políticas... (sem mais comentários), e depois o número de filhos por mulher está diminuindo - na verdade já é baixo, não há uma cultura pró-filhos (o carpe diem atual não contempla bambinos) e se é para ter filhos, logo pessoas, que sejam pessoas melhores colocados no mundo. Colocados mesmo: em vez de colocar o bichinho aos 4 meses numa creche (que dó!!! e eu quase não sou de ter pena), fica mais tempo com a mãe e vai mais tarde quando está mais preparado. Vi na tevê os sindicalistas (nos intervalos uma música duvidosa e uma apresentadora chata) pedem redução da jornada de 44 para 40 horas (desanimei, achei que fosse para 36h!) e mais direitos (não sei quais "mais direitos"), põe na pauta aí, licença maternidade de 12 meses companheiro!!! e sem esta história de deduzir do lucro, é benefício para todas as mães. Mais mães presentes com os filhos, mais chance de filhos melhores para o mundo. Que ironia, tem que começar a pedir o contrário, antigamente protestavam para que as mulheres pudessem trabalhar e agora tem que protestar para que possam ficar em casa cuidando do bebê por mais tempo. Eu sei, isso de ficar cuidando dos filhos em casa sendo bancada pelo Estado dá arrepio em alguns liberais e não sei se causa sensibilidade política para os adoradores do Estado-Pai. Ocorre que nem toda política, embora pareça anti-liberal (eu preciso aprender as novas regras do novo Português), é ruim sendo bancada pelo Estado (pelos contribuintes), há algumas políticas que o Estado, e não precisa ser um Estado assistencialista / populista para isso, precisará bancar, pois do contrário não há quem banque. Lógico que estou dizendo de uma forma geral e alguém poderia perguntar por que o Estado deveria bancar a licença maternidade maior para as mulheres. Por vários motivos, vamos ver se consigo sensibilizar com alguns (baseado no bom senso):
- 4 ou 6 meses ainda é pouco para um bebê ir para a creche, é muito pequeno, dependente da mãe e mais suscetível a viroses e doenças;
- a mãe precisa amamentar sua cria;
- atualmente as mulheres praticamente são obrigadas a trabalhar para ajudar no sustento da família, é preciso uma compensação para que possam parar de trabalhar sem que se prejudiquem financeiramente;
- filhos mais bem cuidados e por mais tempo, pessoas melhores (probabilidade);
- creches públicas há muitas crianças juntas e muitas vezes não têm estrutura; creches pagas são caras; nas duas o cuidado não é exclusivo, que psicologicamente é melhor para o bebê, e não têm a qualidade dos cuidados de uma mãe zelosa e carinhosa;
- só a mãe sabe como dói ver o bebê chorando sentindo sua falta, só a mãe sabe a saudade do seu filho tão pequeno, ainda tão dependente (ok, este item pode ser retirado, é demasiado emotivo, embora real).
Como isso ocorreria na prática eu não sei, os técnicos que pensem. E tem mulher que não aguenta ficar em casa cuidando do filho, pois se quiser que volte ao trabalho, ninguém vai obrigá-la a ficar na ma-ra-vi-lho-sa rotina de amamentar, trocar fralda, dar banho com produtos cheirosos, arrancar sorrisos, acompanhar etapas do crescimento e vibrar quando ele consegue pegar o pé, ajudá-lo a ficar sentado, fazer papinhas e comer o que sobra... (eu poderia elencar n situações aqui)
Se é dia para reivindicar direitos, reivindico o direito das mães poderem cuidar dos seus bebês e os filhos terem suas mães, ambos por mais tempo.
(Pensando bem issto é uma anti-política ou uma política politicamente incorreta e nenhum progressista vai propor uma coisa dessas que corre o risco de colocar mais gente no mundo e de deixar a mulher em casa como nos idos do patriarcado. Pensando bem, é uma política conservadora e conservadores não sobem no palanque no 1º de maio.)

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