sexta-feira, 11 de julho de 2008

Das coisas cotidianas

A vida acontece no cotidiano, na rotina de repetições necessárias. Há gente que não suporta rotina e talvez nem seja a rotina que não suporte, mas não suporta é a sua vida, levantar todos os dias, trabalhar no mesmo trabalho, voltar pra mesma casa e mesma cama... As próprias mudanças acontecem dentro do cotidiano, exceto, claro, algumas mudanças bruscas. E se tivéssemos mudanças bruscas todos os dias, como o clima curitibano, elas também passariam a ser rotina. Então eu lembro de Chesterton em Ortodoxia:

O sol levanta-se todas as manhãs. Eu não me levanto todas as manhãs; a variação porém não se deve à minha atividade, mas à minha inação. Ora, para usar uma frase popular, pode ser que o Sol levante-se regularmente porque nunca se cansa de levantar-se. A sua rotina pode provir não de uma falta de vitalidade, mas de uma torrente de vida.

No meu cotidiano de ontem, estava eu no ponto de ônibus, já havia perdido o ônibus anterior e estava atrasada; observei quanta sujeira e lixo havia por ali e comentei com uma mulher a minha observação mental, mas meu pensamento já estava a planejar alguma coisa, um cartaz do tipo "Não jogue lixo no chão. As outras pessoas agradecem", ou arrumar uma lixeira para colocar ali, sei lá.

Então eis que ela me diz sem ênfase, demonstrando certeza na afirmação:

- O problema é esta banca.

Eu, mentalmente espantada: ...?!?!?!

Ela, sentindo a necessidade de me explicar: é, as pessoas compram balas e chocolates ali e jogam o papel no chão.

Eu: ...

Liguei o rádio do celular e coloquei os fones.

6 comentários:

Filipe de Santa Maria disse...

Um conhecido disse para uma criança não usar pó de vidro na linha da pipa: vai cortar o pescoço de um motoqueiro. A criança então teve uma idéia: e se proibíssemos as motos?
Se já tem criança pensando assim, é porque as coisas não vão bem.
Beijos Lelê.

Lelê Carabina disse...

Bah... só posso acreditar que a criança (marota que é) imita algum adulto imbecil (ou tô sendo otimista demais?)

Aluizio Amorim disse...

Olá, Lelê!
De blog novo? Que legal! É isso aí. Vamos que vamos. Já vou já arrumar o link para você. Abração do Aluízio Amorim

Marie Tourvel disse...

Por essas e outras, ou por Philippe e Lelê que queria tanto tivesse um portal, uma revista, um jornal, um jornalzinho. Só para ler textos assim. E comentários assim. Adoro vocês. Um grande beijo

Anônimo disse...

Pois é, Lelê!

Com certeza a culpa é da banca mesmo. Afinal, papel de bala é que nem droga, só joga no chão porque tem gente pra vender.

Aff... Acho que me perdi no pensamento aqui, mas não vou editar.

Beijos e sucesso!!!

Lelê Carabina disse...

Olá Sabrina, meu espanto foi justamente porque a culpa não é da banca, as pessoas é que deveriam ser responsáveis em não jogar lixo no chão. Não houvesse a banca, ainda assim haveria lixo, já que o problema está justamente com a pessoa que não se importa em sujar um espaço público. Quanto ao quesito “se há quem venda é porque há quem compre” - a famosa lei da oferta e procura-, é válido, saudável, natural e necessário, a diferença está no produto comercializado: não há problema algum em comercializar “balas”, no que não é necessário fechar a banca, ainda mais porque “não sabem“ que o papel deve ser jogado no lixo, já o comércio de drogas... Fosse esta a regra de proibir o comércio porque as pessoas não são responsáveis pelos seus atos, meu Deus, não haveria produto algum a ser comercializado, né!
Obrigada pela visita!