sábado, 10 de fevereiro de 2007

Bonecos de Judas

Ah sim, o caso do menino João. Nem comentei aqui de tanto que falam. Fiquei chocadíssima como todo mundo. Não raro a gente anônima para aí, no choque e perde a reação. Se quiser reagir, protestar não sabe como. Como Católica não dá pra contar nem com a CNBB que veio a público dizer “Não me parece adequado reduzir a maioridade penal, não podemos agir sob efeito do pânico. São situações de barbárie, insensibilidade, que deveriam ser condenadas por todos através da educação preventiva, e não repressiva” dom Odilo Scherer (secretário-geral da CNBB).
Os facínoras que arrastaram o menino precisam ser educados gente! Aplicar a LEI sobre eles significa repressão!!! É óbvio que precisa haver prevenção, educação, mas chega uma hora na vida em que a gente já foi educado no mínimo para não ser selvagem e precisa assumir as responsabilidades dos atos! Aliás, muita gente vai concordar com a CNBB neste ponto balançando a cabeça positivamente e haverá mais gritaria contra os Bispos por outra declaração, mas isso já é outro assunto.
Não raro escuto também que criminosos estão sob efeito de drogas. Não esse, os caras estavam lúcidos. Um deles - Diego Nascimento da Silva, 18 teria dito "É um boneco de Judas” à uma testemunha que perseguiu o carro. Ouvi também gente que fala do ambiente de violência, pobreza que vivem “essas pessoas” (os criminosos). Vão catar coquinho na ladeira! Fosse por isso estaríamos pior do que estamos tamanho o número de pobres.
Depois da fase do choque, surgem as justificativas “sociais” para o crime [como se pudesse haver uma] e mostram o lado humano dos bandidos. O tal Diego adorava crianças, diz a notícia. Já não importa mais, isso não vai [ou não deveria] prevalecer sobre o fato principal e nem livrar das penas da lei. Mas como sabemos, a lei para crimes hediondos foi abrandada nestepaiz, e logo logo ele estará livre leve e solto pelas ruas.
A cada crime hediondo é isso aí: todos ficam chocados e depois esquecidos, até que outro crime aconteça. Os padres de passeata, os juristas, os políticos, que vão pedir calma à família do João, vão! Por mim, só peço calma e racionalidade às hordas selvagens que se precipitam em contrapartida a esses crimes: estão linchando a casa da família dos criminosos, se pudessem fariam com eles o mesmo que fizeram com a criança. Não é assim que deveria funcionar num mundo civilizado (educado) e onde deveria funcionar o Estado de Direito (a tal “repressão”).
Já não somos mais só bobos da corte, somos também bonecos de judas, afinal ao que parece, a culpa é nossa, é sempre da sociedade, do João, e não do criminoso, um “não educado” e “excluído” das políticas públicas para a não violência. Enquanto o óbvio ululante é praticamente ignorado: o perfil de maldade pura e simples.

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Quero ver se a “discussão” sobre a maioridade penal vai resultar em alguma coisa que não o esquecimento, ou o arquivamento (antes da discussão propriamente dita já há a certeza da não redução). Por ora, César Maia já deu sua contribuição para resolver o problema: cercear a liberdade dos inocentes, um pouco mais do que já é.
É hora de se dar respaldo legal para a retirada de menores da rua, compulsoriamente, quando circulam sem destino. Se a matrícula no ensino fundamental é obrigatória, por que estar na rua fora da escola é um direito?

4 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Le:

'Tou de passagem por seu novo blogue.

Pra variar, D. Odilo falou bobagem. O proprio Codex Juris Canonici estipula a maioridade penal aos 16 anos (para a imposição de penas canonicas, como a excomunhão).

Esse negocio de educação preventiva e educação repressiva D. Odilo tirou da pedagogia de São João Bosco, só que de uma maneira totalmente descontextualizada. São João Bosco nunca negaria a necessidade, a justiça e o beneficio de uma educação repressiva. A ideia dele é que a educação preventiva cabe à autoridade espiritual (a Igreja), enquanto que a educação repressiva é papel do poder secular (o Estado). Aliás, a essencia do Estado como instituição eminentemente repressiva deveria estar presente aos catolicos e a todos os homens -- o que não significa uma posição negativa do Estado, ou anti-estatal, uma vez que a repressão, para a vida social, é necessaria, justa e boa. O que deve discutir-se é em que circunstancias vale aplicá-la, cientes de que a interferencia do Estado sempre significa repressão.

Para a distinção entre sistema preventivo e repressivo de São João Bosco ver: http://www.donbosco-torino.it/port/page9.html

Abraços, e parabéns pelo novo blogue!

Lelê Carabina disse...

Obrigada pela aula :-)
Muitas vezes me falta uma fonte específica que me dê respaldo.

Jorge Nobre disse...

Interessante...

Mas será que a pessoa examinou o caso direitinho? Será que faltou escola para esses monstros? Será que faltou "educação preventiva" (o que quer que queiram dizer com isso)?

Pelo menos um deles teve todo incentivo para estudar. O pai de um desses repteis não só incentivava como voltou a frequentar a escola, para dar exemplo ao filho.

Às vezes acontece um crime bárbaro dentro de uma escola. Será que nesse caso falta "educação preventiva" também?

Mari Elias disse...

oi essa não é minha primeira visita ao seu blog, não me lembro c já postei algum comentário mas isso não é tão importante qnt a certeza de q sempre tem alguém pra tentar desculpar e/ou amenizar os crimes cometidos por bárbaros maiores ou menores, além de conseguir um meio de fazer a populaçãoesquecer mais rápido... um grande pesar.

Voltarei e comentarei mais vezes. Assim espero!!! hehehehe