quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

A "Agendinha" do Estado x Pais

Parece-me que o governo adora uma cartilha, lembro daquele caso das cartilhas de propaganda do governo em que foram parar no partido petista e que no final das contas não descobriram o paradeiro, exceto claro a conta que foi parar no bolso de alguém.
Ah, mas nada como um cartilha atrás da outra. A cartilha da hora que o governo pretende distribuir nas escolas públicas, é sobre o sexo [acredite, o Estado sabe tudo sobre isso!], espécie de "diário" (com cadeado ou sem?), uma brilhante idéia dos ministérios da saúde e da educação de uma sempre "bem intencionada" "política pública" (e neste guarda-chuva tanta coisa!), destinada a uma faixa bem abrangente de jovens: entre 13 e 19 anos. Sim, treze!
A cartilha, segundo duas notícias da Folha (clique no texto para ver a notícia)
“O governo federal elaborou e vai distribuir para estudantes de escolas públicas de 13 a 19 anos uma "agendinha" com dicas sobre beijo, sedução, masturbação e saúde. Polêmica, a cartilha inclui até uma lista a ser preenchida com as melhores "ficadas" -relacionamentos-relâmpago entre jovens.
Na parte sobre beijos, a cartilha orienta que "beijar muitos desconhecidos numa única noite não é tão bom assim", pelo risco de doenças. Mas compara o beijo ao chocolate, por "aguçar todos os sentidos" e "liberar endorfinas", com a vantagem de ainda "queimar calorias", ao contrário do doce.
O material faz parte do programa Saúde e Prevenção nas Escolas - Atitude para Curtir a Vida e aborda temas variados que vão dos efeitos colaterais do aumento de peso (espinha e preguiça) até homenagem ao cantor Cazuza, morto por Aids.”
Entre os cinco motivos para usar camisinha há a "sedução", além da "proteção": "Colocar o preservativo pode ser uma excelente brincadeira a dois. Sexo não é só penetração. Seduza, beije, cheire, experimente!".
"O foco é o jovem, não a eventual censura que possa vir de um pai".
[pais caiam fora!]
Nem discuto a questão moral, cultural e religiosa no trato sobre o sexo. Além de tratar o jovem como um animal qualquer, ora, o que é isso senão o Estado tomando papel dos pais?! Revoguem de uma vez o pátrio poder dos pais sobre os filhos, o direito à educação e à liberdade, liberdade mesma da educação dentro do esquema cultural e religioso (ou mesmo não religioso) em que a família acredita e escolhe para a educação da criança e do adolescente. Ainda mais do adolescente, que já por si só é uma relação frágil por natureza, que educação e limites sexuais os pais poderão dar aos filhos depois que vem o Estado e tira simplesmente a sua responsabilidade e mesmo respeitabilidade sobre seus rebentos?
Mais: é visível, um Estado mal sabe administrar um hospital, não consegue oferecer um sistema de saúde nem educação decentes aos mesmos pobres e menos pobres que freqüentam escolas públicas, sabe tudo de beijo, sedução e educação..... Alunos mal aprendem matemática e português, vide o resultado do Enem, pior desde 2002, mas saberão para que serve, oh, a própria língua.
Por que eu me preocupo com isso? Porque sou cética e desconfiada quando o Estado quer se meter a esse ponto na vida privada e familiar e porque um dia quero ter filhos, e pretendo educá-los segundo a minha cultura, Cristã diga-se de passagem, e não deixarei que ninguém tire minha autoridade, o pátrio poder, enquanto meu filho estiver sobre minha responsabilidade.
Também esse negócio de cartilha me incomoda um tanto, como se houvesse um manual de comportamento padrão, e pior, como se ele pudesse ser editado pelo Estado e Governo (lembra algo soviético), ainda mais vindo de um Estado podre.

*

Um ótimo texto do Reinaldo Azevedo: "Salvem as suas crianças de Lula. Ou não. Eu salvo as minhas" que fala da cartilha, da distribuição de preservativos e do que diz o Estatuto da Criança e do Adolescente. Leiam, leiam!

4 comentários:

Anônimo disse...

É, essa gente é incrível. Quanto mais eles erram, mas querem poder para errar cada vez mais.

Anônimo disse...

estudei num colégio de jesuítas, o medianeira, e a tia da quarta-série do primário já dava toques sobre sexo. depois, na quinta, havia debates em aulas sobre o assunto. eu tinha onze anos. e não sou desvirutado ou pervertido por causa disso. acho que deve-se discutir sim o assunto no colégio, com debates entre jovens da mesma idade que estão juntos se descobrindo.

Lelê Carabina disse...

Cláudio, a minha preocupação não é a pessoa será ou não desvirtuada [o problema "moral" não é o maior aqui]. É claro que uma hora ou outra a criança/adolescente vai receber a educação sexual; a questão é DE QUEM será a responsabilidade PRINCIPAL disso. De um governo que mal sabe administrar a si próprio? ;)

Lelê Carabina disse...

Ahh, ia me esquecendo: o fato de ser cristão não quer dizer que não se receba educação sexual ou que isso seja assunto proibido.