quarta-feira, 29 de julho de 2009

O Presente

O que hoje recebes
e não podes pegar, guardar
em panos e papéis laminados,
é imperecível,
presente onipresente.
Estás com ele na chuva
e não temes que se desfaça.
Estás com ele na multidão
e não o escondes dos mutilados.
O que não existe para os homens
deles estará protegido,
o que os homens não vêem
não poderão espedaçar.
Eis o que não te denuncia
porque não tem face
nem volume para ser jogado no mar.
Eis o que é jovem a cada lembrança
porque não tem data
e série, para envelhecer.
O que hoje recebes
não pode ser devolvido.

Alberto da Cunha Melo

2 comentários:

Marco Aurélio Antunes disse...

Olá.
O presente é um dos melhores poemas de Alberto da Cunha Melo. É o primeiro publicado no livro O cão de olhos amarelos (finalmente adquiri meu exemplar). No Facebook, publiquei Distâncias, que também é muito bom.
Abraços.

Anônimo disse...

Por favor, mantenha-nos informados sobre a evolução da gravidez.
Mes Amitiés.
BetoQ.