Eu quase diria que 2011 foi um ano perdido. Não chego a dizer porque parto do princípio que o que se vive – o tempo, a experiência, etc – nada é perdido, creio (não que tudo deva ser um eterno aprendizado, aquela coisa às vezes chata de tirar uma “mensagem”do sofrimento, ou a coisa estranha de se fazer brotar do mal um bem, ect, etc). Simplesmente que a vida não é perdida quando há algum sentido em viver. Assim, meio explicado, ponto parágrafo.
Os anos passam, os dias, as horas, as pessoas trabalham, fazem sacrifícios, preocupam-se com suas responsabilidades, estressam-se na labuta, não sou eu a privilegiada, nem me lamento. Ocorre que todo este sacrifício diário - não sacrifício como sofrimento, mas no sentido de empenho, busca – se dissolve quando há sentido de viver, quando vemos os resultados, quando lembramos por quem o fazemos, ou quando nos realizam em nossa existência.
Em 2011, todo estresse com as responsabilidades do trabalho que passei, todos os momentos aparentemente alegres, o nascimento da minha sobrinha, todo o meu sacrifício e conquistas, teve como pano de fundo uma dor profundamente humana, aquela que testa a sanidade mental e (para os que crêem) a sanidade da alma, na fé no Deus da salvação. Pensando agora enquanto escrevo, talvez em 2011 eu quase cheguei a perder de vista o sentido da vida, depois da doença e morte do meu pai.
Assim, cheguei ao fatídico final de 2011 pensando que vivi um não-ano e, ao contrário daqueles que se alegram (às vezes com um entusiasmo exagerado) em se desvencilhar do ano velho, nas primeiras horas do dia 1° de 2012 chorei por não conseguir me desgarrar do ano que se acabou, agarrada que estava nas minhas lembranças mais dolorosas que não conseguiria descrever aqui (uma delas foi o momento da morte dele, em que eu estava presente ao lado da minha mãe – não me arrependo, num misto contraditório de alívio e dor, que um dia talvez saberei lidar quando voltarem as lembranças).
Então, penso eu agora e me surpreendo, tudo que me remete a acontecimentos de 2011 – qualquer lembrança mesmo que não tenha ligação com a morte do pai em 30/junho – me faz lembrar e sofrer um pouco daquele sofrimento passado, justamente por aquele sofrimento ser o pano de fundo para todo ano. Talvez isto é o que se chama de luto...
E depois o ano se interrompe num finalmente e chega hora de mudar o cenário: só vivendo.
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