Hormônios fazem uma mulher. De repente o mundo está caindo e é
só uma rebelião hormonal. De repente você está animadíssima e compra um
sapato oncinha com rosa pink, ou coisa assim, do qual se arrependerá
logo que chegar a TPM. Em casos extremos, procure um médico, muitas
vezes o negocio se resolve com um exame de sangue, se não for
bipolaridade! No mais das vezes, a mulher é naturalmente assim mesmo,
feita de hormônios, sentimentos e queda por sapatos, entre outras
coisas.
Se a mulher é uma combinação hormonal, no pós-parto (e até bem depois),
isto fica ainda mais evidente. E tudo o que passa despercebido às
demais, numa mulher de pós-parto, cuja sensibilidade está aflorada, pode
ser algo bombástico, depressivo, etc. Não que seus hormônios sejam uma justificativa,
mas parte de uma explicação (porque nem tudo é hormonal né).Comecei aparentemente bem humorada, mas nem era isto que ia dizer. E nisso me lembra as crônicas de Nelson Rodrigues, que começava com um assunto e enveredava em outro. Eu queria escrever sobre uma coisa bem triste: o sofrimento.
Uma pergunta que eu guardo no coração para humildemente levar a Deus é por que há tanto sofrimento sem sentido aparente. Semana passada morreu, no meu condomínio, um bebezinho de 3 meses; os comentários é que havia se afogado no berço e quando a mãe foi ver, já estava falecido. Nesta fase em que estou - com um bebê de 4 meses em casa é fácil me colocar no lugar da mãe - fiquei muito impressionada com o ocorrido, demais, como se pudesse sentir a dor desta mãe, logo poucos dias antes do dia das mães.
(peraí que vou lá espiar minha bebê no berço)
Sim, existir também é vivenciar sofrimentos, mas há sofrimentos absurdos, como a
morte deste bebezinho! Por que, para que meu Deus? Neste momento que
pode ocorrer o afastamento de Deus, e creio que afastar-se de Deus é
pior, já que ninguém poderá dar esta resposta senão Ele, de resto todo
mais é vazio ou incompleto. Acredito que tudo tem um sentido na vida, até (talvez, sobretudo) o sofrimento. Sem sentido, só há escuridão, desesperança.
Obviamente
a morte absurda do bebezinho não carece de explicação hormonal para
chocar, ocorre que, no meu caso os hormônios só fazem extrapolar ainda
mais os sentimentos e os questionamentos aguçados por esta
sensibilidade, numa seara humana onde as reações físicas, o psíquico e o
espiritual se embrenham. Ou seja, sofreria normalmente, mas nesta fase
hormonal, sofro mais ainda, por mais tempo. Hoje deitei do lado da minha
bebê que dormia e pensei de novo no sofrimento daquela mãe, nas
lembranças que ela não terá, nos momentos que não viverá. Por que, para que? Deus há de entender os questionamentos demasiadamente humanos...
Acredito que a busca pelo sentido do sofrimento é um bater de frente que no fim faz bem à alma, embora muitas perguntas fiquem sem resposta pelo caminho.