Fiquei mais condoída depois de ter filho. Alguém já tinha me avisado: você vai querer abraçar o mundo com os dois braços somente, e vai sofrer com as dores alheias. Bom, não é para tanto assim essa de querer salvar o mundo, quando mal consigo dar conta de nos salvar dos ácaros lá de casa. Não estou dizendo que o sofrimento traga prazer (embora haja gente pra tudo neste mundo, inclusive para isso), pelo menos eu não busco saber notícias da tragédia alheia para ficar condoída de propósito. Acho que telejornais que exageram na cobertura de tragédias se provalecem* da curiosidade mórbida que todo mundo tem (um pouco pelo menos).
Não só telejornais, mas filmes, e lembrei agora, como aquele “Jogos Mortais” (assisti ao primeiro e me bastou): não me conformo com o sucesso do filme, é sarcasmo e sadomasoquismo demais, pois não é só um filme de terror ou um suspense inteligente; não me conformo como há pessoas que a-d-o-r-a-m o filme! Aí eu acho que é prazer mórbido descabido, mesmo que seja na ficção.
Voltando. Há coisas que pelo simples fato de se saber a existência, já padece a alma, como é o caso do aborto e qualquer ato contra pessoas indefesas, especialmente crianças. Há os humanistas que se compadecem tanto, mas tanto, que pretendem eliminar sofrimentos causando outros e talvez perpétuos. Até a mitigação do sofrimento tem limite e há sofrimentos bons, como por exemplo o jejum. Bom, mas não é sobre o aborto ou o jejum que quero comentar, não hoje, ainda que o assunto aborto tenha rendido estes últimos dias e que o jejum esteja fora de moda.
O caso é daquela mãe que teve o filho recém-nascido roubado da maternidade, aqui no Paraná. Como mãe, sofri só de ler a notícia, ver a carinha do bebê no jronal, então... e eu aqui, longe e desconhecida da família, não podendo fazer nada... e para não permanecer apenas contemplando o sofrimento, o máximo que pude fazer foi uma oração (soube que na Canção Nova também rezaram o terço pela família). Adianta? Por e pela fé, sim. Li ontem no Evangelho Cotidiano um comentário de Santa Faustina, um desejo dela manifestada em oração:
se não me for possível praticar a misericórdia por atos, ou por palavras, sempre ao menos o posso fazer pela prece. E a minha oração leva-me a atingir mesmo onde já não posso chegar fisicamente.
Claro que Santa Faustina era uma serva de Deus. Não podendo a gente – eu – ser uma Santa Faustina, tomo-a como modelo neste seu desejo ou norte espiritual, o que não é nada impossível e fora de lógica, tomo como meu também dentro das minhas limitações pessoais.
Enfim, final feliz para a mãe, pai e bebê recém nascido em Apucarana: Deus é sempre misericordioso e a polícia foi eficiente e rápida. Ele lá e nós cá, encontrando-nos nos atos, palavras e na oração.
*Quando reli o texto, percebi que usei o "provalecem". No RS era comum escutar (e levar uns pitos do pai) "provalecido". Achei engraçada a palavra e procurei no dicionário... o verbete não existe. Só no RS mesmo, atém em notícia do Zero Hora é usado. Não fui a fundo procurar a etimologia da palavra, mas o sentido é mais ou menos de "abusar", mas não é bem isso, é se aproveitar da fraqueza do outro, ou da oportunidade dada pelo outro, para próprios fins.Isto é o que eu entendo da palavra e a uso para este fim, mas obviamente podem discordar e me informar se houver outro significado.
*Quando reli o texto, percebi que usei o "provalecem". No RS era comum escutar (e levar uns pitos do pai) "provalecido". Achei engraçada a palavra e procurei no dicionário... o verbete não existe. Só no RS mesmo, atém em notícia do Zero Hora é usado. Não fui a fundo procurar a etimologia da palavra, mas o sentido é mais ou menos de "abusar", mas não é bem isso, é se aproveitar da fraqueza do outro, ou da oportunidade dada pelo outro, para próprios fins.Isto é o que eu entendo da palavra e a uso para este fim, mas obviamente podem discordar e me informar se houver outro significado.
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