quarta-feira, 30 de novembro de 2016

É a vida



É tão banal e egoísta falar de si mesmo. Escutar o outro ocupa um tempo que a gente não quer conceder. Então, é preciso pagar pelo tempo de quem arranca de nós o que nem pensamos em dizer, e que está sendo dito pelo corpo. É quando o sofrimento se transforma em um nada sempre presente, e já não há o que dizer. Cada palavra não dita, cada pensamento absorvido, transforma o corpo, como uma lata que vai enferrujando com o tempo. Alguns dizem “é a idade”. É mais que a idade, extrapola a contagem. É o tempo, de experiência, situações, não ou mal resolvidas, ou superestimadas, ilusões, desilusões, pensamentos, o que mais o cérebro inventar. É a vida.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Não queremos a Copa... é mentira!

A gente critica a Copa no Brasil, mas basta a Seleção pisar no gramado e bate, bate forte coração... Daí que acho melhor o povo não ir muito contra a Copa, não... mas pedir que a infra do país (ou pelo que quer que se esteja protestando) seja tão importante e prioritário, ou mais, quanto a Copa. Lá no começo quando o país se candidatou já deveriam ter protestado, agora é tarde. Porque as pessoas estão comprando os ingressos, e vão se empolgando com o passar do tempo, e vai chegar a hora dos jogos e todo mundo estará feliz da vida e torcendo para o país, de camiseta, de corneta e tevê nova. É assim, a gente ama e odeia a seleção brasileira! Acredito que a maioria torceu para a Seleção hoje e, creio, é melhor assim, que a gente alimente um patriotismo saudável e que o Hino Nacional seja nosso maior "grito de guerra", no estádio, na rua, na chuva, na fazenda...

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Refletir o luto, de novo

Bem ou mal, o dia começa e a gente nunca sabe como vai terminar. Fazemos planos - mais imaginativos que concretos - amamos, odiamos, rimos, choramos, ficamos indiferentes, trabalhamos, trabalhamos, trabalhamos, tudo num dia só. Um dia com suas 24 horas parece pouco para tudo e ainda dormir. Daí o dia começa, mas não termina. A morte é eternidade (acredite-se ou não) para quem vai, mas traz para aqueles que ficam um dia sem fim. Fazer os dias terem sentido e não só tarefas e pensamentos. Preencher o dia sem fim com algum sentido para o que não há explicação humana (só há sentimentos mais humanos). Fazer sentido é a chave para os dias, para os sentimentos, para o sofrimento.

*

Em dois anos, 4 mortes: o Pai, Nono, Vó e agora um primo querido. A morte não faz só chorar, faz pensar.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Hormônios e sofrimento

Hormônios fazem uma mulher. De repente o mundo está caindo e é só uma rebelião hormonal. De repente você está animadíssima e compra um sapato oncinha com rosa pink, ou coisa assim, do qual se arrependerá logo que chegar a TPM. Em casos extremos, procure um médico, muitas vezes o negocio se resolve com um exame de sangue, se não for bipolaridade! No mais das vezes, a mulher é naturalmente assim mesmo, feita de hormônios, sentimentos e queda por sapatos, entre outras coisas.
Se a mulher é uma combinação hormonal, no pós-parto (e até bem depois), isto fica ainda mais evidente. E tudo o que passa despercebido às demais, numa mulher de pós-parto, cuja sensibilidade está aflorada, pode ser algo bombástico, depressivo, etc. Não que seus hormônios sejam uma justificativa, mas parte de uma explicação (porque nem tudo é hormonal né).
Comecei aparentemente bem humorada, mas nem era isto que ia dizer. E nisso me lembra as crônicas de Nelson Rodrigues, que começava com um assunto e enveredava em outro. Eu queria escrever sobre uma coisa bem triste: o sofrimento.
Uma pergunta que eu guardo no coração para humildemente levar a Deus é por que há tanto sofrimento sem sentido aparente. Semana passada morreu, no meu condomínio, um bebezinho de 3 meses; os comentários é que havia se afogado no berço e quando a mãe foi ver, já estava falecido. Nesta fase em que estou - com um bebê de 4 meses em casa é fácil me colocar no lugar da mãe - fiquei muito impressionada com o ocorrido, demais, como se pudesse sentir a dor desta mãe, logo poucos dias antes do dia das mães.
(peraí que vou lá espiar minha bebê no berço)
Sim, existir também é vivenciar sofrimentos, mas há sofrimentos absurdos, como a morte deste bebezinho! Por que, para que meu Deus? Neste momento que pode ocorrer o afastamento de Deus, e creio que afastar-se de Deus é pior, já que ninguém poderá dar esta resposta senão Ele, de resto todo mais é vazio ou incompleto. Acredito que tudo tem um sentido na vida, até (talvez, sobretudo) o sofrimento. Sem sentido, só há escuridão, desesperança.
Obviamente a morte absurda do bebezinho não carece de explicação hormonal para chocar, ocorre que, no meu caso os hormônios só fazem extrapolar ainda mais os sentimentos e os questionamentos aguçados por esta sensibilidade, numa seara humana onde as reações físicas, o psíquico e o espiritual se embrenham. Ou seja, sofreria normalmente, mas nesta fase hormonal, sofro mais ainda, por mais tempo. Hoje deitei do lado da minha bebê que dormia e pensei de novo no sofrimento daquela mãe, nas lembranças que ela não terá, nos momentos que não viverá.
Por que, para que? Deus há de entender os questionamentos demasiadamente humanos...
Acredito que a busca pelo sentido do sofrimento é um bater de frente que no fim faz bem à alma, embora muitas perguntas fiquem sem resposta pelo caminho.

sábado, 11 de maio de 2013

Antes e depois de ser mãe

Antes de ser mãe, eu achava um certo exagero as mensagens e o dito que ser mãe mudava tudo. Achava a data comercial demais. E eu estava enganada, redondamente enganada: há o apelo comercial, mas não há exagero e sobretudo mudamos mesmo! Mudamos as prioridades e em muito a perspectiva de mundo. O que antes era, pode já não ser. O que antes se acreditava, era só idéia que se dissolve diante da realidade materna. O que se desacreditou, voltou com força, como raízes profundamente fincadas. E os traumas que pareciam superados, revelam-se como novos desafios de superação pessoal. Antes eu achava que ser mãe era como um "acidente de percurso", mas é inexplicavelmente mais que isso: é bem, é bom e é belo.

O mundo não é bão, Sebastião!

Na última viagem em que fizemos de carro, várias paradas em banheiros de postos de combustível e de restaurantes de beira de estrada. Em todas, tinha a mesma preocupação de entrar sozinha num banheiro solitário e ser atacada por um tarado. Coitado do marido que ficava de olho nas crias e na mulher! Que tempos, que sensação de insegurança, e nem é síndrome do pânico!

Numa das paradas, chamou-me a atenção a notícia da mulher estuprada dentro de um ônibus, à vista de todos... que tempos! Primeiramente, eu sei, eu sei que falar depois do ocorrido e de longe é fácil. Ocorre que vendo a notícia e sendo mulher, não tem como não ficar estarrecida não somente diante da crueldade, mas do fato de que ninguém tentou defender a mulher (pelo menos não foi noticiado se houve tentativa de), talvez todos tenham ficados tão estarrecidos quanto os telespectadores, e por isso paralisados, talvez. Será que diante da maldade é só o que sabemos fazer, ficar estarrecidos, indignados, enfiar o medo entre as pernas e paralisar como uma forma de defesa? Cadê a coragem masculina que um dia defendia os frágeis?

Passam pela cabeça muitas perguntas: para onde caminha a humanidade? Por que tanta crueldade? Onde foi parar a coragem? Vamos virando um bando de cagões?

O mundo não é bão, Sebastião!

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Existir e o tempo

Sou agora aquela criança acuada no canto num quarto escuro. Atormentada por pensamentos sobre o tempo: o tempo me é uma obsessão, quase um TOC, estas horas extremas...
Hoje especialmente me deparei que em 3 meses acaba o tempo em que estou integralmente com minha bebê e pensando mais no que farei para o almoço do que em voltar a trabalhar.
Coincidentemente ou não, dois pensamentos sobre o tempo me surgiram hoje (ontem) via facebook:

"Quando desperdiças teu tempo, desprezas os dons de Deus, os presentes que Ele que é infinitamente Bom entrega ao teu amor e à tua generosidade." (Santo Padre Pio de Pietrelcina)

"O meu olhar alcança o longe. Contempla o território que me separa da concretização do meu desejo. O destino final que o olhar já reconhece como recompensa, aos pés se oferece como lonjura a ser vencida. Mas não há pressa que seja capaz de diminuir esta distância. Estamos sob a prevalência de uma imposição existencial, regra que ensina, que entre o ser real e o ser desejado, há o senhorio inevitável do tempo das esperas..." (Pe. Fábio de Melo)

Senhorio inevitável do tempo das esperas... dons de Deus...
Senhorio inevitável do tempo das esperas... dons de Deus...

É isto que me põe insone, saudosa das letras e vulnerável dos sentimentos (fora os hormônios!).
Então cá estou, madrugada a dentro, perdendo tempo com as letras, ganhando tempo comigo (ou vice versa)...
A alma da mulher não cabe num relógio, não cabe num calendário, muito menos a alma de quem é MÃE. E a mãe sofre por antecipação.
 

Démodé!

Blog seu démodé, acho que estou de volta.