quinta-feira, 28 de julho de 2011

O tempo não cura, não acostuma

No luto eu descobri coisas interessantes: dizem que o tempo cura. Não, o passar do tempo faz doer ainda mais nas lembranças, porque no passar do tempo tenho a percepção exata que não é mais o mesmo tempo que passaria se meu pai estivesse vivo. Parece óbvio, mas não é, ou não ouviria tanto “com o tempo você se acostuma”. Não me acostumo, não quero me acostumar. Eu sei, ainda não tivemos o tempo suficiente (para quê?), faz só quase trinta dias... Não me cabe na idéia que se pode acostumar com a ausência de alguém amado, não faz sentido. Tenho quase certeza que esta é a chave: fazer sentido. Não se acostuma, mas se muda o sentido da vida (e tudo mais), não estou exagerando, dramatizando ou entrando em depressão. Meu pai era tão importante e presente que a falta dele muda o sentido da minha vida, precisarei me refazer – o que dizer minha mãe – não me acostumar, para continuar vivendo, agora com um hiato no coração. Quem se acostuma, sofre um sofrimento que talvez não faça diferença na vida, ou que só fará mal. Eu não conhecia o luto de verdade, sei que ele tem fim, e viver essa experiência me fez entender que o luto não é um eterno sofrer, nem se acostumar, mas um refúgio para dar novo sentido à vida. Não é o tempo que cura; é Deus. 

sábado, 16 de julho de 2011

A Saudade

Meu pai faleceu em 30/06/2011, 58 anos. 5 filhos, 3 netos. Muito presente em nossas vidas, desde sempre. Nas horas em que estaríamos juntos tomando um chimarrão, é que a saudade dói mais. 
Eu escreveria mais... por enquanto, era isso, só uma música de saudade.



Desassossegos

Osvaldir e Carlos Magrão


Meus desassossegos sentam na varanda
Pra matear saudade nesta solidão
Cada pôr de sol dói feito uma brasa
Queimando lembranças no meu coração

Vem a lua aos poucos iluminar o rancho 
Com estrelas frias que se vão depois
Nada é mais triste neste mundo louco
Que matear com a ausência de quem já se foi
Que desgosto o mate sevado de mágoas 
Pra quem não se basta pra viver tão só
A insônia do catre vara a madrugada
Neste fim de mundo que nem Deus tem dó

Então me pergunto neste desatino
Se esse é o meu destino ou Deus se enganou
Todo o desencanto para um só campeiro 
Que de tanto amor se desconsolou
Que desgosto o mate cevado de mágoas
Pra quem não se basta pra viver tão só
A insônia do catre vara a madrugada
Neste fim de mundo que nem Deus tem dó

http://letras.terra.com.br/osvaldir-e-carlos-magrao/594969/