A gente não costuma pensar sobre a morte. Jesus Cristo venceu a morte e os tempos modernos (ou pós-modernos, sei lá) também, porque as gentes "de hoje", as mais "evoluídas da história", têm a ciência, tecnologia, remédios, vacinas, a estética, etc, etc, que se não fossem os acidentes de trânsito e a violência, a gente nem se lembraria dela. De repente um tio velho morreria e o jovem - de 40, 50 anos - perguntaria "tio quem?" "ah, coitado", sem lágrimas, já que a idéia de morte é reservada aos velhos e seria mais racional, nem comoveria mais. Daí que qualquer situação mais complicada, ou menos até, uma gripinha, apavora; a coragem espiritual é uma virtude que falta ao homem moderno.
Estou pensando agora que se a vida é um dom, a morte também (a morte depois de Jesus Cristo), já pensou viver sem poder retornar para o Criador? Se a ordem atual é o carpe diem, a morte deveria ser lembrada de vez em quando, independente da idade, pois já dizem por aí que viver é arriscado ou correr riscos e é mesmo. Já pensou se a morte pega o espírito de surpresa, desprevenido, sem ao menos ter rezado uma Ave Maria, sem ao menos estar com o perdão em dia?
Padre Paulo Ricardo, numa de suas pregações, recomenda refletir sobre a morte. Mas, mas, mas, (digo eu) pensar na morte não num sentido mórbido, de góticos adoradores de cemitérios, ao contrário, para louvar o dom da vida, louvar o Criador e viver seu mandamento maior de amar ao próximo, o que é bem diferente da cultura do carpe diem: "Aquele que tentar salvar a sua vida, perdê-la-á. Aquele que a perder, por minha causa, reencontrá-la-á." (Mt 10,39).
Confesso que não costumo refletir muito sobre o assunto, mais no dia dos finados e quando falece um conhecido ou alguém que nem se imagina que vá morrer (é engraçado isso, tem pessoas que parecem ser imortais, por exemplo o Michael Jackson e a Hebe Camargo, que é bom lembrar, não morreu).
Pensei em escrever brevemente sobre o assunto, pois faleceu um Padre muito querido (ok, e bastante desdenhado também, era contudente nas pregações), de quem gostava muito e era amigo da família, realizou meu casamento, me deu alguns conselhos e me abençoou antes do parto. E teve uma morte meio banal, um acidente doméstico, não que um Padre tenha uma morte especial, é para lembrar que a morte está a espreita e a gente não sabe, nem imagina, como e quando.
A morte é uma passagem necessária para voltarmos a Deus, mas não deixa de causar tristeza, é humano. Era isso.
Pe. Idenando Ramos Sobrinho, descanse no Pai.
"Como o tempo é precioso! Felizes os que sabem aproveitá-lo bem, porque todos deverão prestar contas detalhadas de seu tempo no dia do juízo final. Se todos chegassem a compreender a preciosidade do tempo, certamente cada um se esforçaria ao máximo em usá-lo com sabedoria!" (Padre Pio de Pietrelcina)
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