É tão banal e egoísta falar de si mesmo. Escutar o outro
ocupa um tempo que a gente não quer conceder. Então, é preciso pagar pelo tempo
de quem arranca de nós o que nem pensamos em dizer, e que está sendo dito pelo
corpo. É quando o sofrimento se transforma em um nada sempre presente, e já não
há o que dizer. Cada palavra não dita, cada pensamento absorvido, transforma o
corpo, como uma lata que vai enferrujando com o tempo. Alguns dizem “é a idade”.
É mais que a idade, extrapola a contagem. É o tempo, de experiência, situações,
não ou mal resolvidas, ou superestimadas, ilusões, desilusões, pensamentos, o
que mais o cérebro inventar. É a vida.