segunda-feira, 9 de março de 2009

Sentimentos cansados

Fim de domingo, do dia de emoções cansadas e tristezas justas, depois de momentos maravilhosos de Graça em que meus joelhos foram dobrados, sim foram dobrados sem que eu tivesse a vontade de me ajoelhar e, num segundo, não resisti à força com que me fazia ajoelhar-me e caí diante de Jesus Cristo. Fazer um retiro em um mosteiro é como recarregar as baterias da fé para poder continuar os dias aqui do lado de fora em que somos intimados a viver com toda nossa natureza. E o que acontece é que a natureza humana é esta mesmo, precária, inclinada ao erro, o que não quer dizer que o erro torna-se acerto porque natural e é por isso que eu disse hoje que uma coisa é admitir o erro e a tendência para tal; outra coisa é incentivá-lo ou ser seu cúmplice. Não é fundamental ser tolerante (fundamental é ter caridade) com atitudes erradas para ser aceito, para ser amado, para parecer legal ou moderno; mas agir assim é doloroso. Não ser tolerante com erros e inverdades não é o mesmo que julgamento e preconceito: há a verdade e pela verdade somos medidos. Tudo isso é a cruz da nossa vida e não é à toa que cansamos os sentimentos.

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Como se não bastasse as pelejas domésticas, esta semana particularmente foi cansativa para os ânimos católicos, uma penitência quaresmal não fosse a gravidade das coisas, como a publicidade das excomunhões dada dom José Cardoso Sobrinho (caso da menina de 9 anos que sofreu aborto). Pouco comento casos de mídia, há muitos blogs bons que fazem isso, com link´s ao lado. Mas é de se notar que cada vez mais, e geralmente em épocas importantes do ano litúrgico, há confusão e deturpação sobre os assuntos que envolvem a Igreja Católica, numa espécie perseguição “intelectual” (aspas necessárias) a religiosos Padres, Bispos, que estão cumprindo a sua vocação e mesmo sua responsabilidade. Não desejo o fim da mídia não, só desejo que a verdade possa ser dita e a liberdade religiosa respeitada. Mas meu desejo não é de nada neste mundo mundo, vasto mundo... É necessário e urgente ser fiel à Fé e cada vez mais rezar pelos Sacerdotes e pela Igreja nestes tempos obscuros.

sexta-feira, 6 de março de 2009

DISCURSO DO PAPA BENTO XVI - Sobre liberdade



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Agora, queremos ver o que nos diz São Paulo com este texto: "Fostes chamados para a liberdade". A liberdade, em todos os tempos, foi o grande sonho da humanidade, desde o início, mas particularmente na época moderna. Sabemos que Lutero se inspirou neste texto da Carta aos Gálatas, e a conclusão foi que a Regra monástica, a hierarquia e o magistério lhe pareciam como um jugo de escravidão, do qual era necessário libertar-se. Sucessivamente, o período do Iluminismo foi totalmente orientado, imbuído deste desejo de liberdade, que se julgava ter finalmente alcançado. Mas também o marxismo se apresentou como caminho para a liberdade.

Esta tarde perguntamo-nos: o que é a liberdade? Como podemos ser livres? São Paulo ajuda-nos a compreender esta realidade complicada que é a liberdade, inserindo este conceito num contexto de visões antropológicas e teológicas fundamentais. Ele diz: "Esta liberdade não se torne um pretexto para viver segundo a carne, mas mediante a caridade ponde-vos uns ao serviço dos outros". O Reitor já nos disse que "carne" não é o corpo, mas "carne" na linguagem de São Paulo é expressão da absolutização do eu, do eu que quer ser tudo e tomar tudo para si mesmo. O eu absoluto, que não depende de nada nem de ninguém, parece possuir realmente, de modo definitivo, a liberdade. Sou livre se não dependo de ninguém, se posso fazer tudo o que quero. No entanto, precisamente esta absolutização do eu é "carne", ou seja, é degradação do homem, não é conquista da liberdade: o libertinismo não é liberdade mas, ao contrário, falência da liberdade.

(continua...)

DISCURSO DO PAPA BENTO XVI À COMUNIDADE DO PONTIFÍCIO SEMINÁRIO MAIOR ROMANO
20/02/2009