1. Estou viva.
2. O anti-carnaval foi proveitoso: leitura, piscina, filmes e pizza em família.
3. De tempos em tempos tenho uma ânsia por livros, mais ou menos como mulheres por bolsas, não que normalmente e diariamente não tenha esta ânsia (por livros, não por bolsas, bem, por bolsas à vezes). Considerando a atual e sempre contenção financeira, apelei para a troca e saí catando livros trocáveis. Achei umas tranqueiras escondidas (literalmente) no armário, coisa do tipo “As Veias Abertas da América Latina” de Eduardo Galeano (do tempo da faculdade...), um romancezinho curto e sofrível do mesmo autor, “Ócio Criativo” de Domenico de Masi (também do tempo da faculdade, que coisa...), este nem terminei de ler, me bateu uma preguiça, e outros dois livrinhos com teor anti-americano, outros tempos, outros tempos, fui salva a tempo desse lixo todo. Só fiquei culpada em passar o lixo pra frente, mas salve a liberdade e o capitalismo!, troquei quase todos (o cara do sebo não quis o “Lolita”) pelo “Os Intelectuais” de Paul Johnson. É a minha atual empreitada. De lambuja e mais uns reais trouxe “O Ópio dos Intelectuais” de Raymond Aron. E, como criei várias desculpas irresistíveis e salutares, adquiri “Ortodoxia” de Chesterton (editora Mundo Cristão) na livraria de um shopping, estava na estante-destaque de “auto-ajuda”(!) (”Sobre o Islã” de Ali Kamel também estava nesta estante). Aos que não gostam de auto-ajuda, como eu, vão passar longe da estante. Talvez a classificação melhor para o livro seria “Religião”, mas aí haveria o óbvio prejuízo de imagem... pesados os prós e contras, fica tudo na auto-ajuda mesmo né, já não fazem da religião isso mesmo? Então, não ignore as estantes, não fosse “Ortodoxia” ser alaranjado e com letras enormes, não o teria notado perdido entre Zíbia Gasparetto, Augusto Cury, ...
4. Aliás, fui ao shopping não para comprar bolsas, mas para aproveitar o desconto que ganhamos nas entradas de cinema nos dias do meu anti-carnaval e ver o filme O Gangster. Muito bom, com vantagem de ser americano e dar o que pensar. O cara - o gangster - cria a seu "mc donalds” (sem trocadilhos) das drogas, tudo na maior ética, inclusive matar, sendo traído pela vaidade alheia. Claro que o filme é muito mais, vale a pena o ingresso, se for com desconto honesto, melhor. Bem, explico ainda o “com vantagem de ser americano e dar o que pensar”: é que paira sobre a coletividade que filmes americanos por serem americanos não têm o que dizer - a tal “mensagem” - só servem para diversão, mais ou menos como o Mc Donalds. Ou só os filmes americanos anti-americanos teriam o que dizer. O bom da fórmula “dar o que pensar” é que a “mensagem” não vem prontinha e bonitinha, é preciso um tantinho de esforço. Ah, Onde os fracos não tem vez (o filme do anti-carnaval, junto com Casablanca) segue a mesma linha do “dar o que pensar” e eu nunca mais vou me esquecer da cara do Antom, o sujeito essencialmente mau que só é interrompido pela providência divina ou pelo acaso, como queiram.